Comunidades indígenas brasileiras transformam o movimento Ballroom

No coração do Brasil, uma revolução cultural está acontecendo. As comunidades indígenas estão abraçando e redefinindo o movimento ballroom, originalmente nascido nos Estados Unidos, criando um espaço único de expressão artística e resistência para a comunidade LGBTQIAPN+ indígena.

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O ballroom, conhecido por suas competições vibrantes que celebram a dança, a moda e a performance artística, foi reinterpretado pelas comunidades indígenas brasileiras, enriquecendo-o com sua própria cultura e tradições. Este fenômeno culminou no evento Espírito Ancestral, uma iniciativa pioneira realizada em Manaus (AM), uma cidade com a maior população indígena do país.

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Pedro Tukano, coordenador do Coletivo Miriã Mahsã, vê essa fusão cultural como um enriquecimento do cenário ballroom, integrando as ricas tradições dos povos negros e indígenas brasileiros. Caní Jackson, da casa Jabutt, ecoa esse sentimento, destacando o potencial das comunidades indígenas em terem contribuído para a cena ballroom desde seu início.

Tukano aborda a realidade da violência enfrentada pelos indígenas e pela comunidade LGBTQIAPN+ em ambientes urbanos, ressaltando a importância de espaços seguros como a ballroom indígena para expressão e acolhimento. Ele destaca que esses espaços são vitais para indivíduos que se sentem isolados em territórios urbanos.

A ressignificação prática da cultura ballroom é evidente no baile Espírito Ancestral, onde a linguagem e as categorias tradicionais foram adaptadas para refletir a cultura indígena. Categorias como “baby vogue” e “face” foram renomeadas para “Rosto Ancestral: Face do Sol” e “Rainha Tecelã: Categoria de Artesanato”, respectivamente. Esta abordagem inclusiva e acessível à linguagem ajuda a conectar a cultura ballroom com a cultura indígena, promovendo a diversidade e combatendo estereótipos.

Para Caní, essa abordagem linguística é mais do que uma mudança superficial; é uma maneira de combater as violências estruturais e estereótipos, continuando a resistir e lutar contra o processo de colonização ainda presente.

O ballroom indígena no Brasil é mais do que uma mera adaptação de uma tradição estrangeira; é uma expressão poderosa de identidade, resistência e união, trazendo à luz as questões indígenas e LGBTQIAPN+ e criando um novo espaço de inclusão e celebração cultural.

 

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