O neurocientista brasileiro Alysson Muotri, que se tornará o primeiro cientista do país a viajar ao espaço, está com a bagagem recheada de planos ambiciosos que vão além da colonização interplanetária. Antes de sua jornada à Estação Espacial Internacional (ISS), prevista para meados de 2025, ele liderará uma missão à Amazônia em busca de compostos medicinais com potencial para tratar doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
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Em entrevista ao g1 no último domingo (06), Muotri revelou o objetivo da missão: explorar a rica biodiversidade da Amazônia. Através da análise de espécies vegetais com propriedades medicinais utilizadas por povos indígenas, o projeto busca isolar moléculas com alto potencial terapêutico.
Minicérebros no Espaço
O projeto liderado por Muotri envolve isolar moléculas de substâncias presentes em plantas amazônicas e testá-las em minicérebros, estruturas que simulam a organização celular encontrada no cérebro humano. Eles serão enviados para a Estação Espacial Internacional, onde envelhecerão mais rapidamente devido às condições do espaço, permitindo uma compreensão acelerada dos impactos potenciais das doenças neurodegenerativas.
Primeira planta na mira da pesquisa
O cipó mariri/jagube (Banisteriopsis caapi), principal ingrediente do chá ayahuasca, será o primeiro a ser investigado. Substâncias extraídas da planta serão testadas nos minicérebros em busca de seus efeitos protetores contra a doença.
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Inteligência artificial
Um desafio enfrentado é a perda gradual do conhecimento de identificação das plantas pelos indígenas. Para contornar isso, Muotri está desenvolvendo uma inteligência artificial de reconhecimento de plantas, implementada em robôs em miniatura equipados com sensores visuais, em colaboração com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a liderança do povo Huni Kuin, do Acre.
“Essa proposta envolve a extração de moléculas de plantas medicinais da Amazônia que são tradicionalmente utilizadas pelos povos da etnia Huni Kuin. Então a sabedoria desses povos já fornece indicações valiosas sobre quais plantas podem ser eficazes para prevenir o avanço [do Alzheimer] ou o comprometimento precoce”, explica Muotri.
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