Em uma movimentação estratégica para tentar reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais, o Brasil e o Paraguai estão negociando a adoção de uma moeda comum para a comercialização da energia gerada pela usina hidrelétrica de Itaipu. A informação foi confirmada na última terça-feira (28), por Enio Verri, diretor-geral brasileiro de Itaipu, em entrevista ao G1 e à GloboNews.
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“A proposta nossa de Itaipu é sair da dolarização. Aliás, essa é uma tendência que o presidente Lula tem cobrado muito em todas as operações com nossos parceiros de outros países, sair da dependência do dólar e criar uma única moeda que seja a moeda para a comercialização, para as negociações internacionais. Itaipu, e a compra dessa energia, está dentro desse conceito”, declarou Verri.
Esta iniciativa integra as negociações do “anexo C” do Tratado de Itaipu, que estabelece as regras para a comercialização da energia gerada pela usina binacional. De acordo com o tratado, o “anexo C” pode ser revisado após 50 anos de vigência, período que se completou em 2023. Brasil e Paraguai já firmaram um compromisso para concluir essa renegociação até 31 de dezembro de 2024.
Atualmente, a energia de Itaipu é comercializada a US$ 17,66 por quilowatt ao mês (kW-mês), conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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Proposta de moeda comum
A proposta foi inicialmente apresentada pelo atual presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, em maio do ano passado, durante um encontro com líderes sul-americanos. A ideia, segundo ele, visa facilitar o comércio entre os países da região, reduzindo a influência do dólar.
Em janeiro, Lula e o então presidente da Argentina, Alberto Fernández, expressaram em uma carta conjunta o desejo de avançar nas discussões sobre uma moeda comum para os países da América do Sul. Apesar dos rumores comparando a iniciativa ao euro, moeda utilizada pela União Europeia, o governo brasileiro minimizou essa comparação.
Mudanças na comercialização de energia
Outro ponto nas negociações do anexo C é a venda do excedente de energia do Paraguai no mercado livre a partir de 2027. Atualmente, o Brasil compra com exclusividade o excedente da energia gerada pelo lado paraguaio, que é distribuída principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Com a nova proposta, o Brasil deixaria de ser obrigado a comprar esse excedente, permitindo ao Paraguai vender a energia no mercado livre. “Com o fim da obrigatoriedade do Brasil de comprar o excedente, não há briga pela tarifa. O Brasil poderá calcular o seu preço, oferecer para os consumidores brasileiros em cima de uma tarifa mais baixa e o Paraguai vai obter a tarifa que o mercado lhe oferecer”, destacou Verri.
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