Implante e IA permitem que homem com paralisia cerebral fale em dois idiomas

Em um feito inédito na área da neurociência, pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, utilizaram inteligência artificial (IA) para restaurar a fala em duas línguas diferentes de um paciente que ficou quase mudo após sofrer um derrame. A pesquisa, publicada na última terça-feira (20), no periódico Nature Biomedical Engineering, abre novas portas para o tratamento de sequelas neurológicas graves.

O paciente, apelidado de “Pancho”, sofreu um derrame aos 20 anos, perdendo quase toda a capacidade de falar e parte de suas funções cognitivas. Anos após o evento, com a ajuda de neurologistas, Pancho reaprendeu a ler e converter palavras em seus pensamentos para o inglês, apesar de sua língua materna ser o espanhol. Essa conquista o tornou elegível para participar de um estudo inovador que utilizou uma interface cérebro-computador (BCI) para restaurar sua fala.

Uma equipe de neurocirurgiões e especialistas em IA implantou uma matriz de eletrodos no crânio de Pancho, na região do cérebro responsável pelo processamento da linguagem. Um conector foi então ligado ao equipamento, conectando a BCI a um sistema de computador. Através de um treinamento intensivo de três anos, Pancho aprendeu a “programar” seu cérebro para que sua fala fosse transmitida pelo aparelho.

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No treinamento, palavras eram exibidas na tela do computador e Pancho era instruído a repeti-las mentalmente. Enquanto isso, os eletrodos captavam suas ondas cerebrais e tentavam convertê-las na palavra que ele estava pensando. Como os testes eram realizados em espanhol e inglês, Pancho acabou reproduzindo vocabulário em ambas as línguas.

Para auxiliar na interpretação e conversão das ondas cerebrais, foi utilizado um modelo de linguagem de aprendizado profundo (LLM). Essa tecnologia reduziu significativamente o número de erros, permitindo que Pancho se comunicasse de forma eficaz com a equipe de pesquisa.

O sistema BCI demonstrou alta precisão, reconhecendo quando Pancho falava espanhol ou inglês com 88% de acerto. A decodificação das palavras, por sua vez, obteve uma taxa de sucesso de 75%.

Esses resultados abrem um leque de possibilidades para o tratamento de pacientes com distúrbios da fala causados por AVCs ou outras lesões neurológicas. A pesquisa demonstra o potencial da IA para restaurar funções cerebrais complexas e melhorar a qualidade de vida de indivíduos que sofreram traumas neurológicos.

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