Primeiro receptor de transplante de fígado de suíno se recupera bem

Em um avanço na medicina, um homem de 71 anos na China se tornou a primeira pessoa viva a receber um transplante de fígado de um suíno geneticamente modificado. De acordo com informações divulgadas pela revista Nature na última sexta-feira (31), duas semanas após a cirurgia, o paciente está “indo muito bem”, segundo Sun Beicheng, cirurgião do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Anhui, que liderou o procedimento.

Embora os detalhes do procedimento não tenham sido amplamente divulgados, os pesquisadores estão encorajados pelo aparente sucesso inicial. “É uma notícia muito emocionante”, afirma Burcin Ekser, cirurgião de transplante da Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana em Indianápolis.

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O fígado é o mais recente de uma série de órgãos de suínos a serem transplantados em humanos. Desde o início de 2022, cirurgiões transplantaram corações, rins e um timo de suínos para quatro pessoas. Embora três desses pacientes tenham falecido nos meses seguintes, a saúde precária pré-existente desses indivíduos dificulta a determinação precisa do papel dos transplantes em seus desfechos. No entanto, uma pessoa que foi operada em abril de 2023 continua viva.

Os transplantes de órgãos de suínos para humanos, conhecidos como xenotransplantes, têm fornecido dados valiosos sobre a viabilidade desta técnica, oferecendo esperança para milhares de pessoas que morrem a cada ano na espera por um órgão doador.

Em janeiro deste ano, uma equipe dos EUA conectou um fígado de suíno geneticamente modificado fora do corpo de uma pessoa clinicamente morta. Em março, um cirurgião da Universidade Médica da Força Aérea em Xi’an, China, transplantou um fígado de suíno em um indivíduo clinicamente morto, com o órgão permanecendo no corpo por dez dias sem sinais de rejeição. Em maio, outra equipe na China transplantou um rim e um fígado de suíno para uma pessoa clinicamente morta.

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No transplante mais recente, o receptor tinha um grande tumor no lobo direito do fígado, que ainda não havia se espalhado. Não elegível para um transplante de fígado humano, o paciente optou pelo xenotransplante. A cirurgia, aprovada por comitês de ética e transplante por motivos compassivos, foi realizada em 17 de maio e durou oito horas.

O fígado de 514 gramas, proveniente de um suíno em miniatura de 11 meses com 32 quilos, passou por dez modificações genéticas para evitar rejeição. Após a cirurgia, o fígado de suíno começou imediatamente a secretar bile, aumentando gradualmente a produção até 300 mL no dia 13. “Ele tem função hepática normal”, diz Sun, indicando a ausência de sinais de rejeição.

Especialistas estão otimistas com os resultados. “Esse é um resultado muito positivo”, afirma Jay Fishman, especialista em doenças infecciosas de transplante no Massachusetts General Hospital em Boston. Embora o fígado tenda a sofrer menos rejeição do que outros órgãos, sinais de rejeição crônica ainda podem surgir no futuro.

Além de bile, o fígado de suíno está produzindo albumina e fatores de coagulação, o que pode fornecer informações valiosas sobre a eficácia das proteínas suínas. Se necessário, futuros transplantes podem incluir modificações genéticas para produzir versões humanas dessas proteínas.

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