Cecil Farley, um britânico de 91 anos, recuperou a visão após ser o primeiro caso no Reino Unido a receber um implante de córnea artificial. O procedimento, desenvolvido como uma alternativa para pacientes na fila de espera para um transplante de córnea humana, foi destacado em informações publicadas pelo jornal O Globo, na última terça-feira (04).
Nos últimos dois meses, além de Cecil, outras três pessoas também receberam a inovação por meio do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS). Os resultados iniciais confirmaram a melhora na visão e a redução na espessura da córnea. Até agora, apenas cerca de 200 procedimentos do tipo foram realizados no mundo.
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A técnica é uma versão da ceratoplastia endotelial, cirurgia que envolve a remoção do revestimento interno anormal da córnea, o endotélio, e a sua substituição por uma nova. Normalmente, isso envolve o uso de material humano doado, mas, desta vez, foi utilizada uma córnea sintética criada em laboratório.
Conforme os responsáveis pelo procedimento, há uma escassez mundial de córneas humanas; no Reino Unido, por exemplo, a espera chega a dois anos. “Há um atraso no tratamento dos pacientes”, diz Thomas Poole, oftalmologista britânico responsável pelo novo implante.
“Em casos selecionados, as córneas artificiais poderiam ser usadas, proporcionando aos pacientes acesso mais rápido ao tratamento e, portanto, melhor visão. Elas têm várias vantagens: não há risco de rejeição como nos enxertos de córnea humana, não há risco de transmissão de doenças e, se for bem-sucedida, não há risco futuro de longo prazo de falha do enxerto, que pode afetar as córneas de doadores humanos. O procedimento é minimamente invasivo, o que reduz o risco de mais lesões no frágil tecido ocular”, continua o especialista, em comunicado.
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A córnea é uma cobertura transparente do olho que, além de ter uma função protetora, auxilia na formação da imagem. No entanto, pode ser danificada por lesões ou doenças oculares. A versão artificial utilizada é chamada de EndoArt, desenvolvida pela empresa EyeYon Medical. A aparência é semelhante à de uma lente de contato, e o público-alvo são pacientes que sofrem com edema (inchaço) da camada ocular.
“A EndoArt é a primeira camada endotelial artificial, um tratamento promissor para olhos selecionados com edema crônico da córnea. Ela representa uma nova esperança para os pacientes que sofrem de edema crônico da córnea como uma alternativa ao tecido humano”, diz Charles Holmes, diretor comercial da EyeYon Medical, em nota.
Cecil Farley, o idoso que recebeu o implante pioneiro aos 91 anos, celebra o resultado: “Não tinha nenhuma visão em meu olho direito. Eu já havia feito um enxerto humano que falhou, então fiquei muito feliz por ser o primeiro paciente a receber uma córnea artificial”, conta.
“Minha visão nesse olho está melhorando lentamente, pode levar até um ano para funcionar completamente, mas minha visão está ficando mais clara semana a semana. Sou casado há 63 anos e ainda consigo ver minha esposa, então espero que a visão continue progredindo”, continua.
Poole destaca que o uso da nova técnica ainda está no início, mas que deve ser ampliado em breve: “Ainda é cedo para essa nova córnea artificial, com apenas 200 córneas implantadas em todo o mundo até o momento, por isso estamos a utilizando em olhos com outras comorbidades para começar, mas posso ver um futuro em que uma córnea artificial se tornará o tratamento padrão para todas as córneas com doença endotelial”.
Ao jornal britânico The Guardian, Stephen Powis, diretor médico nacional do NHS, também celebrou o avanço da nova abordagem: “O uso de transplantes de córnea artificial é um passo inovador e empolgante no tratamento oftalmológico, que tem o potencial de beneficiar muitos pacientes que precisam de tratamento para melhorar ou restaurar sua visão”.
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