Após quase sete décadas dedicadas ao ensino, o renomado professor e médico Hildegardo Rodrigues, de 92 anos, encerrou uma trajetória marcante entre salas de aula repletas de alunos por seu conhecimento. Esta semana, uma série de homenagens celebrou o fechamento desse ciclo para um dos anatomistas mais experientes do Brasil.
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Nascido em Teófilo Otoni, Minas Gerais, Hildegardo graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1956. No dia seguinte à obtenção do diploma, iniciou sua jornada como educador em seu estado natal. Ao longo dos anos, expandiu seu legado para além das fronteiras, lecionando em universidades na Bolívia e na Venezuela, até se estabelecer como professor de anatomia no Espírito Santo em 1967. Milhares de médicos formados passaram por suas mãos ao longo dessa trajetória.
No último dia de aula, Hildegardo chegou à faculdade em Vitória com passos curtos, vestindo seu característico jaleco. Antes de adentrar a sala que carrega seu nome, encontrou-se com colegas e dedicou um tempo para revisar o conteúdo.
Nicole Callegari Sena, uma de suas alunas, compartilhou sua experiência: “Foi incrível estar com ele desde o início da minha jornada acadêmica. Agora, como monitora, ele ainda está conosco. Com paciência e tranquilidade, ele sempre está pronto para esclarecer nossas dúvidas. Sou muito grata por tê-lo como professor. Guardarei sempre no coração.”
Durante a despedida, o aluno Pedro Souza teve a honra de entregar uma homenagem a Hildegardo: uma foto com os últimos alunos que tiveram o privilégio de aprender com ele. “O professor Hildegardo é muito querido nesta faculdade. É uma verdadeira honra aprender com um dos melhores anatomistas do Brasil. Sua didática excepcional tem sido um privilégio para todos nós”, disse.
Como todo grande mestre, Hildegardo deixa um legado de discípulos. Aos 75 anos, Dulcino Tose, também professor de anatomia, reflete sobre a influência do coleg em sua carreira: “Consideramos Hildegardo uma enciclopédia ambulante. Sempre foi um exemplo, o primeiro a chegar e o último a sair, um estudioso incansável e fonte de inspiração para todos nós.”
Além de seu legado intelectual, Hildegardo deixa um tesouro materializado na Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam), onde foi o primeiro professor. Em 1968, fundou um museu de anatomia que continua a educar e inspirar as futuras gerações de médicos.
Ao se despedir de uma vida dedicada ao estudo do corpo humano, Hildegardo expressa gratidão: “Meu coração está tranquilo, pois cumpri com meu dever. Aprendi que os alunos dedicados têm sucesso como médicos. Cultura nunca fez mal a ninguém. Agora, continuarei minha rotina de estudo e aprendizado, acompanhando documentários e notícias”.
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