Os gêmeos Arthur e Bernardo Lima, de 4 anos, passaram por um procedimento histórico na medicina ao serem separados após nascerem unidos pela cabeça. Os irmãos, que compartilhavam uma parte do cérebro e a principal veia responsável por levar o sangue de volta ao coração, enfrentaram anos de internação e múltiplas cirurgias até o desfecho bem-sucedido. A separação foi realizada no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro.
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“Me emociono todos os dias vendo que os dois estão aqui. Eu olho para eles e começo a chorar”, contou Adriely Lima, mãe dos gêmeos, em entrevista ao G1. Ela e o marido, Antônio Batista, saíram de Boa Vista, Roraima, para acompanhar o complexo tratamento dos filhos. A condição rara foi diagnosticada no primeiro ultrassom da gravidez, e a família teve que se mudar para o Rio de Janeiro, onde o pré-natal e o parto seriam realizados.
Desde o nascimento, Arthur e Bernardo viveram entre o Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, onde vieram ao mundo, e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto Estadual do Cérebro. As expectativas sobre a sobrevivência dos gêmeos eram pessimistas desde o início. “No pré-natal, os médicos não davam muita esperança de vida. Falaram que eles poderiam não sobreviver ao parto ou viver apenas algumas horas”, relembrou Adriely.
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Os gêmeos enfrentaram nove cirurgias até serem finalmente separados. O neurocirurgião Gabriel Mufarrej, que liderou a equipe médica, destacou que o processo foi extremamente complexo e desafiador, sendo considerado o maior feito de sua carreira. A primeira cirurgia, batizada de “cirurgia do medo”, deu início a uma série de procedimentos com intervalos de três a quatro meses, que visavam desconectar as veias cerebrais dos meninos aos poucos, permitindo que o sistema circulatório de cada um se adaptasse.
A penúltima cirurgia de separação, realizada no dia 7 de junho, durou 13 horas. Dois dias depois, uma última intervenção de 23 horas concluiu o processo, e Arthur e Bernardo deixaram de ser um só. Segundo Mufarrej, Arthur surpreendeu ao se recuperar primeiro, apesar de ser considerado o gêmeo mais frágil. “O Bernardo demorou um pouco mais, e foi necessária uma série de cirurgias adicionais para a reconstrução da pele de ambos”, explicou o médico.
Para o neurocirurgião, o sucesso da separação foi um milagre. “É uma vitória do nosso grupo, uma realização pessoal enorme. Esta cirurgia foi contraindicada por especialistas internacionais, mas nós acreditamos que seria possível”, afirmou. Mufarrej destacou a fé e a persistência da mãe, que afirmava que não poderia levar os filhos de volta em seu estado inicial. “Com a ajuda de Deus, conseguimos. Para mim, é um verdadeiro milagre”, concluiu.
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