“Mão Espelho”: Baterista Lucas Tagore supera deficiência rara e brilha na música

Lucas Tagore Gonçalves de Souza, baterista de 34 anos, nasceu com uma rara alteração ortopédica chamada “mão espelho”, que fez com que ele tivesse sete dedos em uma das mãos e um antebraço atrofiado em forma de “L”.

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Apesar dessas limitações, Lucas transformou sua condição em força e tornou-se baterista profissional, tocando em bandas como a “Bula”, do guitarrista Marcão Britto, ex-integrante do Charlie Brown Jr.

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Ao longo da vida, Lucas passou por cerca de cinco cirurgias para a remoção dos dedos extras e a correção do antebraço. “O antigo dedo médio foi reposicionado no lugar do polegar, o que me permite algum movimento, embora limitado”, explica ele. Hoje, com uma técnica própria, Lucas ensina bateria e segue uma carreira musical de sucesso, superando barreiras e preconceitos.

O médico ortopedista Mário Pierry, especialista em membros superiores, explicou que a condição de Lucas, chamada dimelia ulnar, resulta na duplicação da ulna — um dos ossos do antebraço —, gerando uma configuração incomum na mão. “Pacientes com essa condição geralmente passam por cirurgias na infância para melhorar a funcionalidade da mão”, disse Pierry.

Superando o preconceito através da música

Lucas começou a tocar bateria aos 12 anos, após ser influenciado por seu irmão mais velho, que tocava guitarra e contrabaixo. O interesse pelo instrumento cresceu naturalmente, e sua primeira apresentação aconteceu ainda na escola, em Santos (SP), onde o músico reside. “As pessoas começaram a entender minha superação quando viram que eu tocava, mesmo com as limitações”, relembra.

A trajetória de Lucas na música o ajudou a lidar com o preconceito que enfrentava devido à sua condição física. “Eu costumava esconder meu braço esquerdo com roupas, mesmo em dias de calor extremo. Tinha vergonha, e as crianças na escola às vezes faziam comentários maldosos”, diz.

Hoje, Lucas encoraja outras pessoas com deficiências a abraçar suas diferenças e transformá-las em algo positivo. “Faça da sua deficiência a sua maior eficiência. Desenvolva sua própria técnica, e seu instrumento pode soar de uma maneira única”, aconselha. “A música é uma expressão da alma, e o corpo é apenas uma ferramenta.”

O papel da família na sua jornada

O amor pela música foi cultivado na infância, com os pais de Lucas sempre tocando diversos estilos musicais em casa. No entanto, foi o irmão mais velho que o apresentou aos instrumentos, plantando a semente que se tornaria uma carreira. “Eu sempre fui atraído pelos instrumentos, mas achava que seria muito difícil por causa da minha deficiência. Quando meu irmão comprou uma bateria, comecei a brincar com ela e, instintivamente, tentei acompanhar as músicas”, conta Lucas.

Com o tempo, ele desenvolveu uma técnica própria, adaptando sua maneira de tocar e superando as limitações físicas. Hoje, além de baterista profissional, ele compartilha sua experiência como professor de música, inspirando outros a superarem suas dificuldades.

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