Sócios da PCS Saleme são denunciados após transplantes com órgãos infectados por HIV

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou nesta terça-feira (22), os sócios e funcionários do PCS Saleme, laboratório que atuou na sorologia de órgãos doados na capital fluminense. A denúncia surgiu após seis pacientes transplantados testarem positivo para HIV, resultado do uso de órgãos infectados. As investigações revelaram um cenário alarmante de irregularidades na operação do laboratório.

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De acordo com o G1, os denunciados enfrentam acusações de associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica. Jacqueline, uma das sócias, também é responsabilizada por falsificação de documento particular. “Os denunciados tinham plena ciência de que pacientes que recebem órgãos transplantados recebem imunossupressores para evitar a sua rejeição, e que a aquisição de qualquer doença em um organismo já fragilizado, principalmente HIV, seria devastadora”, declarou a promotora Elisa Ramos Pittaro Neves.

A investigação revelou que as filiais do PCS não possuíam alvará e licença sanitária para funcionamento, além de apresentarem resultados de exames falsos. Um relatório da Vigilância Sanitária identificou 39 irregularidades, incluindo condições insalubres, como sujeira e insetos mortos nas bancadas do laboratório. “O que foi apurado neste procedimento não foi um fato isolado, resultado de uma conduta negligente. Mas demonstram a indiferença com a vida e a integridade física dos pacientes transplantados”, enfatizou a promotora.

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A Anvisa constatou que o PCS não dispunha de kits para realização dos exames de sangue e não apresentou comprovações de compra dos itens. A promotora pediu ainda a prisão do sócio Matheus Vieira, que permanece em liberdade, e a conversão da prisão temporária dos demais denunciados para prisão preventiva.

O MPRJ também mencionou a existência de várias ações indenizatórias contra o PCS por “erro de diagnóstico”. Um exemplo destacado foi o de Tatiane Andrade, que teve um exame falso positivo para HIV durante o parto, resultando em sua filha recebendo tratamento inadequado por 28 dias. A Polícia Civil já concluiu o inquérito e indiciou os seis envolvidos, incluindo cinco que foram presos em duas fases da Operação Verum.

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A descoberta da situação ocorreu em 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV, mesmo sem o vírus anteriormente. Ele havia recebido um coração em janeiro, levando as autoridades a reavaliar todos os exames realizados pelo PCS Saleme. A SES-RJ realizou contraprovas que confirmaram a infecção por HIV em outros receptores de órgãos do laboratório.

Além disso, um novo caso surgiu em 3 de outubro, quando mais um transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. O cruzamento dos dados revelou um erro em um exame de uma doadora em maio deste ano.

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