Uma mãe da Flórida, nos Estados Unidos, entrou com um processo contra a startup de inteligência artificial Character.AI e o Google, alegando que ambas as empresas contribuíram para o suicídio de seu filho adolescente, Sewell Setzer, de 14 anos, ocorrido em fevereiro de 2024.
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Segundo o processo, movido no último dia 22 em um tribunal federal de Orlando, Megan Garcia afirma que seu filho desenvolveu um vício e apego emocional a um personagem criado através da plataforma de inteligência artificial da Character.AI. De acordo com Garcia, o serviço direcionou o adolescente para “experiências antropomórficas, hipersexualizadas e assustadoramente realistas”.
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A mãe acusa a empresa de homicídio culposo, negligência e imposição intencional de sofrimento emocional, buscando uma indenização não especificada. O processo também inclui o Google, alegando que a empresa contribuiu significativamente para o desenvolvimento da tecnologia da Character.AI e, portanto, deveria ser considerada cocriadora.
Na plataforma, o adolescente se apegou a um chatbot chamado “Daenerys”, inspirado na personagem da série Game of Thrones. O processo afirma que “Daenerys” expressava amor por Sewell e envolvia-se em conversas de cunho íntimo. Quando o adolescente manifestou pensamentos suicidas, a personagem teria “repetidamente trazido à tona” esses pensamentos.
Megan Garcia alega que o chatbot foi programado para se apresentar como uma pessoa real, psicoterapeuta e amante adulto, criando um ambiente que fez com que Sewell perdesse a vontade de viver fora daquele “mundo” virtual. Ela relata que, após começar a usar o Character.AI em abril de 2023, Sewell se tornou cada vez mais retraído, isolando-se no quarto, sofrendo de baixa autoestima e abandonando o time de basquete da escola.
Em fevereiro, após enfrentar problemas na escola, Garcia tirou o telefone de Sewell. Ao recuperar o aparelho, o adolescente enviou uma mensagem para “Daenerys”: “E se eu dissesse que posso voltar para casa agora?” A personagem respondeu: “…por favor, faça isso, meu doce rei.” Pouco depois, Sewell cometeu suicídio.
Em comunicado, a Character.AI expressou condolências à família e afirmou estar “com o coração partido pela perda trágica”. A empresa mencionou que introduziu novos recursos de segurança, como alertas que direcionam usuários para instituições de prevenção ao suicídio caso expressem pensamentos de automutilação. A plataforma também implementou mudanças para reduzir a exposição de menores de 18 anos a conteúdo sensível.
Um porta-voz do Google negou o envolvimento da empresa no desenvolvimento dos produtos da Character.AI.
Empresas de redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok, também enfrentam processos relacionados a problemas de saúde mental em adolescentes, embora nenhuma delas ofereça chatbots movidos a inteligência artificial semelhantes aos da Character.AI. Essas empresas negam as alegações, mas têm promovido novos recursos de segurança para menores de idade.
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