Aos 61 anos, mãe solo e ex-doméstica é aprovada em 1º lugar em ciências biológicas

Valdina Ferreira de Paiva, de 61 anos, mãe solo de três filhas e ex-empregada doméstica, alcançou o primeiro lugar no curso de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), em um vestibular para candidatos com mais de 60 anos. Dina, como é conhecida, dedicou grande parte de sua vida ao trabalho doméstico e viu no novo processo seletivo uma oportunidade de realizar o sonho de ingressar na universidade, sonho que guardava há décadas.

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Formada pelo programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA), Valdina tentava o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) há anos, sem sucesso. Com a abertura do vestibular exclusivo para a terceira idade, no entanto, ela viu uma nova chance de conquistar o ensino superior. “Eu queria uma faculdade pública porque eu não tinha condições de arcar com as despesas de uma faculdade particular, eu já estava quase que guardando esse sentimento lá no fundinho do baú. Quando foi no começo do ano surgiu a oportunidade”, contou em entrevista ao Globo Repórter.

O vestibular voltado para candidatos acima dos 60 anos atraiu 3 mil inscritos, que concorreram a 136 vagas distribuídas em diversos cursos na UnB. Dina conquistou o primeiro lugar em Ciências Biológicas. Na redação do exame, ela abordou os desafios e oportunidades da terceira idade e compartilhou a própria trajetória. “Minha filha me disse: ‘Mãe, redação é só contar uma história com começo, meio e fim’. O tema era a terceira idade, suas oportunidades e desafios que a gente tem no dia a a dia, e eu coloquei a minha história. Agora, eu vou guardar o rascunho dessa redação para sempre”, revelou.

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A matriarca teve que abandonar a escola aos 11 anos para trabalhar como doméstica e, mesmo sem formação completa na época, incentivou as filhas a concluírem a faculdade. Agora, ela mesma comemora a chance de estudar. “Minhas filhas já fizeram faculdade e agora é a minha vez, já que eu as incentivei”, afirmou.

Seu objetivo ao entrar para a universidade é ser um exemplo para pessoas: “Eu quero que se espelhem em mim e tomem as dificuldades como exemplo. Se ela pôde chegar, com todas essas dificuldades, eu também posso”. Dina ainda afirma que a possibilidade de enfrentar preconceito na universidade não é algo que a preocupa. “A idade está na mentalidade das pessoas. Existem pessoas com 20 anos que pensa como se tivesse 70 e vice-versa. E eu acho que eu sou um desses de 60, com mentalidade de 30 e poucos, 40 anos. O céu é o limite para quem quer voar”, concluiu.

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