Roberto Bete, homem trans de São Paulo, enfrentou preconceito e desafios emocionais durante a gestação do filho Noah, fruto do relacionamento com Erika Fernandes, mulher trans. Mesmo com dificuldades, ele afirma que faria tudo novamente.
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Roberto sempre sonhou em ser pai, mas não imaginava que gestaria um filho. A decisão surgiu após conhecer histórias de homens trans que tiveram filhos biológicos. “Fui quebrando certos preconceitos dentro de mim”, contou à Crescer. Ele e Erika planejaram a gravidez e, após um ano e meio de tentativas e acompanhamento médico, Noah veio ao mundo em uma maternidade pública de São Paulo. “Foi o dia mais incrível da minha vida. Reviveria tudo, até as dores”, disse Roberto.
Durante a gestação, ele enfrentou disforia, alterações hormonais e medo. Uma conversa com a doula o ajudou a enxergar a força do momento. “Ela disse que eu estava sendo a pessoa mais forte do planeta. Comecei a refletir sobre isso e enxerguei a dádiva que estava vivendo”, relatou.
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O casal também enfrentou críticas na internet ao compartilhar a gestação. Comentários hostis e preconceituosos marcaram o período. “Hoje, consigo levar numa boa, mas, mesmo assim, quando algum vídeo viraliza, chegam muitos comentários cruéis. Se você não está em um bom dia, mesmo sendo seguro de si e empoderado, cansa. Isso atravessa”, explicou. Roberto destacou o impacto positivo de sua história: “Muitos meninos trans me mandam mensagem dizendo que sonham em ser pais, que eu consegui mudar isso na cabeça deles. Tenho muito orgulho da minha história e faria tudo de novo, se fosse preciso”.
Após o nascimento do filho, Erika conseguiu amamentar por translactação, enquanto Roberto enfrentava o puerpério e a rotina de voltar ao trabalho após 15 dias. Hoje, ele mora com o filho e planeja aumentar a família por meio da adoção. “Quero esperar Noah crescer um pouco antes de entrar na fila. Quero ter mais um filho”, afirmou.
Roberto acredita que criar um filho é sua maior realização. “Ter um filho é a coisa mais incrível que um ser humano pode fazer. Digamos que seja o ápice da vida humana. Não tem coisa mais importante, mais prazerosa no mundo do que criar um outro ser humano. É a nossa continuidade, sabe? Nosso legado. É o que vamos entregar para o mundo. Estou construindo um ser humano que vai ficar aqui para continuar aquilo que eu comecei”, refletiu. Ele encoraja outras pessoas trans a seguirem seus sonhos de serem pais ou mães. “A vida é curta. Os filhos transformam nossa vida e nos dão forças para ajustar tudo”, completou.
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