Thayane Tavares Monteiro, sobrevivente do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Rio de Janeiro, ocorrido em abril de 2011, relembrou os momentos vividos há 13 anos.
Na época, ela tinha 13 anos e foi atingida por quatro tiros durante o ataque, que deixou 12 crianças mortas. “Quando ele deu o último disparo, só deu tempo de dizer: ‘Senhor, me perdoa por todos os meus pecados. Não me deixa ir pro inferno! Fechei os olhos e, em questão de segundos, vi o rosto de todas as pessoas que eu amo, como um filme, na minha cabeça. Até pensei: então é assim que acaba?”, disse Thayane, que hoje tem 27 anos.
Ela descreveu uma experiência que acredita ter sido espiritual. “Senti uma dor muito forte que até hoje não sei explicar com palavras, mas não era dor dos tiros, era algo totalmente espiritual, como se houvesse uma luta em que alguém tentava me levar e outro não deixava ir”, relembrou.
Thayane contou ter tido a sensação de estar fora do próprio corpo: “Eu via tudo acontecendo na sala e não entendia nada. Ficava me perguntando: eu morri? Estou morta?”.
Thayane também contou sobre uma visão que teve enquanto estava inconsciente: “De repente, estava ajoelhada no céu, diante de uma luz tão forte que era impossível olhar diretamente. Perguntei: ‘Posso te olhar?’ E ouvi uma voz dizendo que sim, mas eu não conseguia. Então senti uma mão na minha cabeça e ouvi: ‘Minha filha, volta para a terra. Sua missão ainda não acabou!'”.
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Quando recobrou a consciência, Thayane percebeu que ainda estava no local do ataque. “Eu não conseguia sair porque já estava paraplégica. Fiquei na sala junto com os colegas mortos até o socorro chegar. Gritava, mas minha voz não saía. Comecei a bater a cabeça no ferro da mesa até que uma policial me ouviu. Foi aí que percebi que estava viva”, afirmou.
Thayane enfrentou anos de recuperação física e emocional. Além das dificuldades médicas, desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático e passou a conviver com as limitações de uma vida em cadeira de rodas. Apesar disso, afirma que sua fé se tornou ainda mais forte após a tragédia. “Creio que houve uma luta espiritual naquele momento. Deus intercedeu por mim e não permitiu que minha vida fosse levada. Desde então, sinto como se estivesse protegida por uma bolha. O que Deus fez por mim, jamais vou esquecer”, declarou.
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