William Placides viu a vida mudar quando deixou São Paulo e passou a viver no Sol Nascente, no Distrito Federal, após a separação dos pais. Aos 11 anos, acompanhou a mãe e os irmãos na mudança, sem imaginar que, anos depois, superaria desafios e conquistaria um dos cargos mais disputados do país: diplomata do Ministério das Relações Exteriores.
“Saí do Sol Nascente aos 19 anos, quando estava na faculdade e passei no concurso do sistema penitenciário. Cursei Relações Internacionais na Universidade Católica de Brasília e, em 2007, fui o 3º colocado no Enem das escolas públicas de Brasília. Foi então que ganhei uma bolsa de 100% no PROUNI”, relembra em entrevista ao GPS Brasilia.
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A infância foi marcada por dificuldades. William cresceu em uma casa simples, construída pela própria família, cercada por enchentes e episódios de violência. A mãe, Nina Tolledo, sempre reforçou a importância da educação para mudar a realidade dos filhos. “Você pode ser o que quiser”, dizia ela.
Enquanto conciliava trabalho e estudos, William tentava o concurso do Itamaraty. Foram sete anos de dedicação e seis tentativas, sendo aprovado na última etapa em cinco delas antes de conseguir a vaga. “Estudei das 3h às 7h da manhã por anos. Era o único tempo que eu tinha, entre o trabalho, o comércio e a responsabilidade com a família”, conta.
Para complementar a renda, vendia blocos de concreto e aproveitava programas sociais, como o ProUni, que garantiu sua formação. Em seguida, participou do programa Brasília Sem Fronteiras, fazendo intercâmbio na Áustria e atuando na ONU, em Genebra. Nos Centros de Línguas do DF, aprendeu inglês, francês e espanhol.
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“Minha história é diferente da de muitos dos meus colegas de profissão. Eu venho das periferias, conheci de perto a pobreza, a violência e as dificuldades de quem luta diariamente pela sobrevivência. Mas isso também me deu uma perspectiva única, uma sensibilidade necessária para entender o Brasil em sua complexidade”, reflete.
A mãe também trilhou um novo caminho. Aos 47 anos, foi aprovada em um concurso e hoje é professora da Educação Infantil no DF. “Durante esse período, ela fez o EJA e também se animou a fazer o Enem junto comigo naquela época, quando também foi aprovada”, conta.
Agora, como diplomata, William leva sua história a estudantes da rede pública do DF, incentivando jovens a acreditarem no próprio potencial. “Eu sonhei mais alto. Demorou um pouco, mas chegou o momento. Se eles sonharem e, assim, acreditarem, forem dedicados, poderão ser o que quiserem, como minha mãe repetia”, conclui.
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