Isabella Melquiades Carvalho Lopes, 20 anos, foi aprovada em medicina na Universidade de Brasília (UnB) pelo vestibular tradicional e pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS). Além disso, conquistou uma vaga na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e uma bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) na Universidade Católica de Brasília (UCB).
“Foi indescritível, eu não imaginava. Quando vi o resultado, fiquei em choque, repetindo várias vezes ‘eu passei’”, disse ela ao Correio Braziliense.
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Filha de Brás Lopes, pedreiro, e de Arlete Carvalho, dona de casa, Isabella estudou toda a vida em escolas públicas. No terceiro ano do ensino médio, conseguiu uma bolsa de 100% no cursinho Fleming por meio do projeto Gauss, que oferece apoio a estudantes de baixa renda. “Eu descobri o Gauss a partir de um cursinho comunitário que fazia aqui em Brasília, o Galt. Eles mandaram no grupo sobre esse projeto e ofereceram uma bolsa de 100% em cursinhos, auxílio no transporte e alimentação se eu passasse nas etapas, que eram prova, redação e entrevista”, explicou.
A rotina de Isabella incluía horas de estudo e um longo deslocamento até o cursinho. “Eu pegava um ônibus até o metrô e depois pegava o trem para a aula. Geralmente, acordava às 5h30 para chegar lá às 6h40. Eu estudava bastante antes das aulas e revisava algumas matérias. Era, mais ou menos, uma hora para ir e uma hora para voltar”, contou. O esforço resultou em uma nota de 9.875 na redação do vestibular da UnB. “Minha técnica era simples: sentar na cadeira e estudar”, brincou.
A irmã mais velha, Aurora Lopes, 24 anos, acompanhou de perto a trajetória da estudante. “Ela atingiu um nível de exaustão tão grande que chegou a chorar de cansaço. Eram provas atrás de provas e, às vezes, ela ficava por pouco sem passar. Todo mundo via o sofrimento dela, a gente ficava com o coração apertado. Essa aprovação dela e, principalmente do jeito que foi, foi uma festa e, como disse, um alívio”, contou.
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Aurora foi a primeira da família a entrar na faculdade, formada em pedagogia pela UnB. O irmão mais novo, Otávio, 18, também estuda na mesma instituição, cursando engenharia aeroespacial. O pai lembrou os desafios enfrentados para garantir a educação dos filhos. “Nós passamos por muitos problemas, mas minhas filhas e meu filho são um presente, e a Isabela é muito especial. Ela sempre quis medicina, e a gente não podia pagar escola particular ou transporte escolar, mas sempre fizemos o possível para que eles estudassem e, graças a Deus, conseguimos”, afirmou.
O interesse da jovem pela medicina começou cedo. “Desde os 9 anos, eu amava ver partos. Sempre admirei a profissão e tive a certeza quando vi minha mãe passar muito mal e ter um mal súbito na minha frente. Eu não sabia o que fazer, e aquilo me marcou muito. Saber que posso ajudar alguém já faz tudo valer a pena”, disse. Aurora confirmou a vocação precoce da irmã. “Ela já era encantada por vídeos de parto desde muito nova. Ela tinha um hiperfoco nisso, e era impressionante ver como uma criança tão pequena já demonstrava tanta curiosidade por algo tão específico”, contou.
Isabella escolheu cursar medicina na UnB. “Minha expectativa é aproveitar ao máximo tudo que aquele lugar tem para me oferecer. Sonho com a área de cardiologia. É uma especialidade que me fascina e que tem grande impacto na vida das pessoas”, afirmou.
Aurora acredita que a experiência na universidade será transformadora. “Eu espero muitas conquistas, e que ela aproveite tudo, porque a UnB te dá uma vasta experiência, tanto profissional quanto pessoal, além do reconhecimento e das amizades. Para mim, foi uma experiência maravilhosa e eu espero que seja para ela também”, declarou.
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