Carol cresceu ouvindo o pai dizer que expulsaria de casa qualquer filho gay. O medo das ameaças, muitas delas feitas com uma arma na mão, a levou a esconder sua identidade de gênero e a tentar performar uma masculinidade que não a representava.
“Eu ouvia meu pai falar que se tivesse um filho gay, ele ia expulsar de casa, ia bater. Me mostrava a arma dele e falava que se acontecesse qualquer coisa ele iria usar. Eu deixava isso muito bem guardado e tinha que performar uma masculinidade que não me cabia”, relembrou Carol em entrevista ao Histórias de T.E.R.A.P.I.A..
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Foi apenas anos depois, ao conhecer Jéssica pelo Twitter, que Carol começou a se permitir questionar quem realmente era. A conexão entre as duas foi imediata, e uma conversa foi decisiva para sua trajetória. “Pessoas cis nunca pensam que são trans. Mas pessoas trans eventualmente pensam que são trans. Então resolvi perguntar para se ela já tinha pensando nisso”, disse Jéssica. Carol, sem hesitar, respondeu: “Sim, penso todo dia”.
Duas semanas depois, Carol decidiu que nunca mais sairia de casa sem ser quem realmente era. Em junho de 2021, no Dia dos Namorados, Carolina nasceu. “A partir desse momento, a Jéssica me incentivou e me deu todo o apoio que eu precisava para iniciar minha transição”, contou.
A jovem destaca que o suporte da esposa foi fundamental para enfrentar o processo. “O apoio da Jéssica foi minha âncora. Foi ela que me deu segurança e coragem de enfrentar a sociedade”, afirmou.
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Para Jéssica, a transição não mudou em nada o sentimento entre elas. “Sempre tive muito claro que eu era uma pessoa bissexual e essa tranquilidade em gostar de todos os gêneros foi o que realmente me facilitou com a transição. Então, para mim, não fazia diferença como ela se apresentava. A transição foi ótima porque pude vê-la do jeito que ela gosta, como se sente melhor”, explicou.
A oficialização da união parecia um sonho distante, até que a @casa1 promoveu um casamento coletivo. Em dezembro de 2023, ao lado de outros casais LGBTQIA+, Carol e Jéssica trocaram alianças. “O evento reafirmou que afeto é um direito, algo que vivemos todos os dias”, disse Carol.
Apesar dos desafios, as duas seguem firmes na certeza de que escolheram construir um futuro onde possam ser livres. “Porque mais do que resistir, nós existimos, e existir com amor é um ato revolucionário”.
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