Depois de realizar o sonho de aprender a ler e escrever aos 85 anos e concluir o ensino médio aos 91, Iolanda Ribeiro Conti, moradora de Guarulhos (SP), alcançou mais uma conquista: uma bolsa integral para cursar nutrição na Universidade Guarulhos (UnG).
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No fim de fevereiro, a idosa recebeu a notícia dos próprios professores que a ajudaram no ensino básico. Um vídeo gravado por sua filha mostra o momento emocionante em que Iolanda descobre que poderá continuar seus estudos.
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Em homenagem ao Dia das Mulheres, comemorado neste sábado (8), Iolanda compartilhou sua alegria ao g1 e relembrou os desafios de alfabetização na terceira idade.
“Fiquei surpresa de ganhar a bolsa. Vou estudar nutrição todos os dias. Querer é poder, e eu vou conseguir. Quando entrei na escola, nem sabia assinar meu nome. A professora pegava na minha mão até eu aprender. Hoje, escrevo com caneta em qualquer lugar e adoro ler. É uma bênção de Deus”, disse ela.
Uma história de superação
Segundo sua filha, Vera Lúcia Ribeiro Conti, a direção da universidade se comoveu com a trajetória inspiradora de Iolanda. Em dezembro de 2024, a idosa já havia recebido o diploma do ensino médio na própria instituição.
A formatura foi marcada por emoção: vestida com beca, salto alto e segurando um buquê de flores, Iolanda foi ovacionada pelos alunos ao receber seu diploma na Escola Estadual Padre Conrado Sivila, onde cursou o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Agora, a faculdade organizará uma reunião para definir como Iolanda acompanhará as aulas, que começarão em breve.
“Tem gente que diz que ela já está senhorinha demais para estudar. Mas, se for preciso, eu irei com ela para as aulas e darei todo o apoio. Ela merece”, afirmou Vera.
Um sonho adiado, mas nunca esquecido
Natural de Piranguçu (MG), Iolanda começou a trabalhar na roça aos 8 anos para ajudar os pais a cuidar dos irmãos. Aos 11, foi levada para São Paulo por uma família que prometeu matriculá-la na escola, mas, em vez disso, a explorou no trabalho doméstico.
“Ela sempre sonhou em estudar, mas a vida não permitiu. Casou-se, teve três filhos e trabalhou em padarias, lavanderias e com faxina. Mas nunca desistiu do desejo de aprender”, conta Vera.
Aos 85 anos, a filha decidiu matriculá-la na Escola Estadual Padre Conrado Sivila, no programa EJA. Para apoiá-la, Vera, que é fisioterapeuta, reduziu sua carga de atendimentos à noite para acompanhar a mãe.
“Valeu a pena. Faria tudo de novo, porque ela fez muito por mim. Sou adotada por ela e sou imensamente grata”, ressaltou Vera.
Iolanda lembra com carinho do período escolar e das amizades que fez. “Conheci pessoas maravilhosas que me deram muita força. Nunca faltei às aulas, nem na chuva e no frio. Aprendi de tudo, até matemática!”
Na formatura, colegas e familiares se emocionaram ao vê-la receber o diploma.
“Chorei ao vê-la realizar esse sonho. Senti que a missão foi cumprida”, finalizou Vera, orgulhosa.
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