Uma casa de 600 m², localizada em um dos bairros mais boêmios e sofisticados de São Paulo, se tornou um espaço de encontro para homens, principalmente gays, interessados em explorar vulnerabilidades emocionais e desenvolver o autocuidado.
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O retiro foi criado pelo publicitário Dani Bittar, de 34 anos, e tem duração de três dias. O valor inicial é de R$ 2,5 mil por aluno, podendo variar conforme a hospedagem e descontos aplicáveis para grupos específicos, como negros, indígenas, pessoas trans, não-binárias e menores de 25 anos. Há ainda uma versão estendida do curso, realizada em Ilhabela, com duração de cinco dias e investimento de até R$ 22 mil.
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O curso propõe atividades sensoriais e afetivas voltadas à conexão emocional, autoconhecimento e aceitação da vulnerabilidade. O site do retiro destaca conceitos como:
✔️ Acesso a sentimentos por meio de conexões interpessoais;
✔️ Ritual de autoaceitação da nudez e acolhimento da vulnerabilidade;
✔️ Práticas de meditação e relaxamento.
Embora essas atividades façam parte da programação, nenhuma delas é obrigatória.
Durante o curso acompanhado pelo g1 entre os dias 13 e 15 de dezembro, cinco alunos participaram das atividades ministradas por Bittar, com apoio do terapeuta Antonio Vinícius. O espaço do retiro é decorado com elementos simbólicos e místicos, incluindo figuras egípcias, pedras energéticas e imagens de divindades.
O retiro começa com um ritual de defumação no jardim, onde os participantes podem optar por retirar as roupas. Em seguida, na sala principal, passam por um exercício sensorial antes de iniciar discussões sobre emoções e vulnerabilidades.
Uma das dinâmicas envolve a formação de duplas para um exercício de dominação e submissão. Ao som de música instrumental, um dos participantes conduz a interação, determinando distâncias e gestos, até finalizarem com um abraço. Muitos relatam emoções intensas e, em alguns casos, chegam às lágrimas.
Outro exercício busca relaxamento e conexão corporal. Os participantes são guiados a tocar diferentes partes do corpo enquanto soltam o ar repetidamente. Caso sintam calor, são orientados a remover algumas peças de roupa. Durante a prática, Bittar sugere que, se houver excitação, os participantes redirecionem essa energia para o coração.
Os participantes destacam o impacto emocional do retiro. O cabeleireiro Yohan Nicolas, de 40 anos, relata que, embora tenha enfrentado dificuldades emocionais no primeiro curso, saiu da experiência mais leve e com maior clareza sobre suas questões pessoais. Outro aluno, que preferiu não se identificar, diz que o retiro o ajudou a aceitar sua sexualidade e superar traumas da infância relacionados à repressão afetiva.
Bittar conta que decidiu se dedicar integralmente ao projeto após abandonar sua carreira na publicidade. Inicialmente resistente à ideia, percebeu que havia uma demanda específica para retiros voltados ao público LGBTQIA+. Suas experiências com tarot e astrologia desde a adolescência e estudos na Tailândia fortaleceram seu conhecimento sobre espiritualidade e desenvolvimento pessoal.
Além dos retiros, ele também oferece sessões individuais de massagem neo-tântrica, com duração de 3,5 horas e custo de R$ 900.
Para este ano, Bittar planeja expandir o trabalho, com foco em autoamor e autoestima. Também pretende lançar um novo retiro, chamado “A Rosa Chama”, voltado para sexualidade e prazer.
Ele estuda ainda a possibilidade de criar cursos para todos os públicos, incluindo um exclusivo para mulheres, mas ainda avalia se ministrará pessoalmente ou se contará com uma profissional feminina para essa abordagem.
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