Um homem que havia perdido quase toda a capacidade de falar após um derrame voltou a se comunicar em duas línguas diferentes com a ajuda de um sistema que combina inteligência artificial e neurociência. O avanço, inédito, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
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Apelidado de “Pancho”, o paciente sofreu um AVC aos 20 anos e, desde então, conviveu com sequelas graves que afetaram sua fala e cognição. Anos depois, Pancho reaprendeu a ler e pensar em inglês — mesmo sendo falante nativo de espanhol — e se tornou o primeiro a testar uma interface cérebro-computador capaz de traduzir ondas cerebrais em palavras.
Os cientistas implantaram uma matriz de eletrodos na região cerebral responsável pela linguagem e, por três anos, Pancho passou por sessões de treinamento. Durante o processo, ele tentava “falar com a mente” enquanto o sistema tentava interpretar suas intenções usando um modelo avançado de IA.
Com o tempo, o sistema aprendeu a identificar se ele estava pensando em espanhol ou inglês e, a partir daí, converter os sinais cerebrais em palavras. O modelo atingiu 88% de acerto na identificação do idioma e 75% de precisão na decodificação das palavras.
O feito abre novas perspectivas para o tratamento de pacientes que perderam a fala após lesões neurológicas, como derrames. A pesquisa foi publicada no Nature Biomedical Engineering e representa um marco na integração entre neurociência e inteligência artificial.
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