Um novo medicamento em fase de testes clínicos demonstrou potencial para aliviar sintomas do Parkinson com menos efeitos adversos. A remédio, chamado tavapadon, foi avaliada em um estudo internacional apresentado neste mês na reunião da Academia Americana de Neurologia (AAN), em San Diego, nos Estados Unidos.
O medicamento é administrado em dose única diária e foi testado em pacientes que já utilizavam ao menos 400 mg de levodopa por dia e apresentavam flutuações motoras — períodos em que os sintomas retornam entre as doses do tratamento convencional.
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Atualmente, a levodopa é o principal fármaco usado no tratamento da doença. No entanto, seu uso contínuo pode causar efeitos colaterais como distúrbios do sono, alucinações, alterações de comportamento, ganho de peso, inchaço nas pernas e variações de pressão arterial.
De acordo com o neurologista Hubert H. Fernandez, diretor do Centro de Restauração Neurológica da Cleveland Clinic e autor principal do estudo, o tavapadon atua de forma diferente da levodopa, ao simular a ação da dopamina nos receptores D1/D5, o que pode trazer benefícios semelhantes com menos reações indesejadas. “Ele oferece aos pacientes uma alternativa para lidar com as flutuações motoras comuns nas fases moderada e avançada da doença, mesmo com o uso da levodopa”, explicou o médico ao Fox News Digital.
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Durante o estudo, os pacientes que utilizaram o novo medicamento tiveram mais tempo com controle dos sintomas motores (“tempo on”) e menos períodos com retorno dos sintomas (“tempo off”) em comparação com o grupo que recebeu placebo. Os pesquisadores também avaliaram a presença de efeitos como sonolência diurna, alterações de peso e pressão arterial, e não encontraram diferenças entre os dois grupos. “Este é um estudo de curto prazo e ainda precisamos aguardar os resultados de longo prazo para confirmar esses achados. Mas estamos otimistas”, afirmou Fernandez.
A pesquisa faz parte do estudo TEMPO 3, conduzido em múltiplos centros ao redor do mundo. O laboratório AbbVie, responsável pelo desenvolvimento do medicamento, deve protocolar em breve o pedido de aprovação junto à agência reguladora dos Estados Unidos (FDA).
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Segundo Fernandez, o uso do tavapadon pode ocorrer tanto como tratamento inicial em pacientes recém-diagnosticados, quanto como terapia complementar à levodopa em casos mais avançados. O objetivo seria reduzir a dose e a frequência da levodopa, diminuindo o risco de flutuações motoras e movimentos involuntários. “Independentemente do momento em que for utilizado — no início ou como terapia complementar — acreditamos que é um avanço no tratamento sintomático da doença de Parkinson”, disse.
A médica Mary Ann Picone, diretora do Centro de Esclerose Múltipla do Holy Name Medical Center, em Nova Jersey, que não participou do estudo, comentou os resultados. “É uma abordagem interessante para melhorar a qualidade de vida de pacientes com Parkinson. A longo prazo, o uso de agonistas dopaminérgicos pode preservar melhor os efeitos do tratamento”, avaliou.
Segundo dados recentes, o número de casos de Parkinson pode chegar a 25 milhões em 2050, com o maior crescimento entre pessoas com mais de 80 anos.
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