O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou neste sábado (10), a demora na apuração da fraude bilionária no INSS, que gerou descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Em entrevista durante visita à Rússia, Lula afirmou que não quer transformar a investigação em espetáculo midiático, mas sim chegar ao “coração da quadrilha” que, segundo ele, foi criada em 2019 — ano em que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência da República.
“Se tivesse feito um carnaval um ano atrás, possivelmente teria parado no carnaval”, afirmou. “Nós resolvemos desmontar uma quadrilha que foi criada em 2019. E vocês sabem quem governava o Brasil em 2019”, disse Lula, em referência direta ao seu antecessor. Embora não tenha citado nomes, o presidente insinuou que ex-integrantes do alto escalão do governo anterior — incluindo a Casa Civil e o Ministério da Previdência — sabiam do esquema.
++ IPCA registra alta de 0,43% em abril, influenciado por custos de alimentação e saúde
A fraude, revelada pela operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), envolvia descontos não autorizados em contracheques de beneficiários do INSS. Estima-se que ao menos R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados nos últimos anos por meio de associações e sindicatos suspeitos. O golpe foi descrito por Lula como “um assalto ao bolso dos aposentados” e não aos cofres públicos.
“O que eu acho mais grave: eles não foram no cofre do INSS, eles foram no bolso do povo. Isso nos deixa mais revoltados e por isso vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo”, disse o presidente, que prometeu o congelamento de bens das entidades envolvidas no esquema.
++ Trump recua e admite que tarifas de 80% sobre a China “parecem corretas”
Lula ressaltou que o governo não trabalha com prazos para o ressarcimento das vítimas, pois ainda é necessário mapear os afetados. Segundo ele, só receberão de volta os valores aqueles que comprovadamente não autorizaram descontos — e cujos nomes apareceram em listas sem consentimento.
“Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. Porque aqueles que assinaram, autorizaram. As vítimas não serão prejudicadas. Serão prejudicados aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pensionista brasileiro”, explicou.
O presidente reforçou que as investigações seguem em sigilo, conduzidas com apoio da inteligência, e que o objetivo final é recuperar os recursos para indenizar os prejudicados. “A gente não quer uma manchete de jornal, a gente quer apurar. Tanto a CGU como a Polícia Federal foram a fundo para chegar ao coração da quadrilha”, declarou.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, no Twitter e também no Instagram para mais notícias do 111Next.