Aos 78 anos, idosa se forma em direito com TCC escrito à mão

Aos 78 anos, Francisca Maria da Silva é a prova viva de que nunca é tarde para realizar sonhos. Moradora da zona rural de Uiraúna, no sertão da Paraíba, ela acaba de se formar em direito pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), após 45 anos de ter deixado a faculdade.

Dona Francisca, como é conhecida, sempre teve o desejo de ser advogada. Mas, na década de 1970, quando começou a faculdade, precisou interromper os estudos para cuidar da família. Mesmo com o passar dos anos, o sonho nunca se apagou. Em 2019, aos 75 anos, ela decidiu retomar os estudos.

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A volta à faculdade não foi fácil. Dona Francisca enfrentava dificuldades com as novas tecnologias e com a rotina de estudos. Mas, com muita perseverança, ela superou os obstáculos e se dedicou integralmente aos estudos.

Para conciliar as atividades domésticas com a faculdade, dona Francisca aproveitava os momentos em que cuidava dos animais para estudar. “Era um olho no tanque e outro nos livros. Enquanto a água ia chegando eu ia estudando e também olhando se o tanquezinho ia vazar”, relatou em entrevista a TV Paraíba.

O esforço e a dedicação de dona Francisca não passaram despercebidos. Seus colegas de turma e professores a admiravam pela sua força de vontade e pelo seu exemplo de vida. “Dona Francisca sempre foi um farol desde que ela chegou à faculdade”, afirma o professor Paulino Júnior, que foi seu orientador no trabalho de conclusão de curso (TCC). “Ela nos ensinou que nunca é tarde para aprender e que os sonhos podem ser realizados, independente da idade”, completa.

O TCC de dona Francisca, inclusive, foi escrito à mão. “Toda semana ela trazia várias páginas de folhas escritas à mão, eu corrigia, passava as correções para ela e ela pedia para alguém digitar e mandar pra mim por e-mail”, lembra o professor Paulino.

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A história de dona Francisca também inspirou seus familiares. Sua filha, Kilza Maria, que inicialmente era contra a sua volta à faculdade, agora se sente motivada a seguir o mesmo caminho. “Devido à idade, devido aos meios de transporte, a gente temia, até por Cajazeiras ser uma cidade bem maior. Tinha também a questão de assalto. Minha mãe é muito solidária, confia em todo mundo. Então a gente se preocupava. Eu particularmente levantei a bandeira. Mas hoje eu já disse a minha filha: ‘o jeito é a gente fazer o curso igual mainha tá fazendo'”, diz Kilza, orgulhosa da mãe.

A formatura de dona Francisca foi um momento de grande emoção para toda a família. Ela se sentiu realizada por ter conquistado o seu sonho e por poder servir de exemplo para outras pessoas. “Eu me sinto muito feliz por ter conseguido me formar. É um sonho que eu achava que nunca ia realizar. Mas Deus me deu força e eu consegui”, declara dona Francisca.

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