ESG enfrenta desafio em relação ao marketing verde

No panorama empresarial brasileiro, o movimento de responsabilidade socioambiental, conhecido pela sigla ESG (Environmental, Social, and Governance – Ambiental, Social e Governança), enfrenta um momento crítico. O conceito, que ganhou notoriedade nos anos 2010 como um modelo inovador e essencial para a sustentabilidade corporativa, hoje encontra obstáculos significativos. As raízes dessa abordagem, que se estendem ao movimento de Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE) no início dos anos 2000, parecem enfrentar uma crise de identidade e eficácia.

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Uma pesquisa recente conduzida pela Board Academy revela uma realidade preocupante: cerca de 56% dos empresários brasileiros afirmam não possuir projetos alinhados aos princípios do ESG. Adicionalmente, 28% das empresas ainda não estabeleceram um conselho dedicado a essas questões, enquanto 33% relatam dificuldades em recrutar talentos em áreas-chave como inovação e governança corporativa.

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Dentro deste universo, a maioria dos respondentes são proprietários ou fundadores de empresas (56,9%), com diretores (17,4%) e CEOs (12,8%) também contribuindo para a pesquisa. Notavelmente, 65% das empresas participantes têm mais de dez anos de atuação, superando a média de vida organizacional no Brasil.

Farias Souza, CEO da Board Academy, destaca: “As empresas brasileiras enfrentam diversos desafios que impactam seu crescimento e consolidação. As informações coletadas são essenciais para análises críticas e reflexões sobre os principais atores estratégicos nas organizações”.

Indicadores recentes apontam para uma desaceleração no entusiasmo em torno do ESG. Entre eles, o aumento na construção de usinas a carvão, a diminuição de projetos verdes, e declarações como a da Petrobras, que planeja explorar reservas de combustíveis fósseis até o esgotamento, refletem uma tendência global semelhante.

Paralelamente, o mercado de veículos elétricos também demonstra sinais de retração. Uma pesquisa de 2023 nos Estados Unidos pela J.D. Power indica uma diminuição na satisfação do consumidor e desapontamento com a infraestrutura de abastecimento, citando como principais problemas a autonomia limitada da bateria e a escassez de postos de carregamento.

Um exemplo marcante desse declínio é a proposta de criação de uma Bolsa de Valores Verde no Rio de Janeiro, que, apesar do anúncio inicial entusiasmado, não se concretizou. Segundo o “Financial Times”, as captações de fundos verdes caíram significativamente de US$ 151 bilhões em 2021 para US$ 37,8 bilhões em 2023.

Diante desse cenário, instituições-chave, como a BlackRock, começam a se afastar da terminologia ESG, preferindo termos como “investimentos de transição”. Esse reposicionamento sugere uma reavaliação crítica do movimento, marcando um potencial ponto de inflexão em seu desenvolvimento e na busca por abordagens mais eficazes e autênticas de sustentabilidade corporativa.

O desafio agora é conciliar a autenticidade e o comprometimento real com as demandas de um mercado cada vez mais consciente e exigente quanto às questões ambientais, sociais e de governança.

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