O gari Samuel da Silva dos Santos, um dos três funcionários da Comlurb que resgataram uma recém-nascida jogada no lixo na madrugada da última terça-feira (1º), entre os bairros de Quintino e Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro, expressou o desejo de adotar a criança, batizada por eles de Vitória. O caso ocorreu por volta das 3h da manhã, quando a equipe inverteu o percurso habitual da coleta e encontrou a bebê em meio aos resíduos na Rua Ouro Preto.
Samuel relatou que, inicialmente, acreditou estar diante de uma boneca. “Retirei uma caixa de papelão de cima da menina e pensei que era um Bebê Reborn. Já estava pensando em dar para a minha filha. Ia ser uma briga com as primas. Aí peguei a mão dela e a senti mole demais. Segurei um pouco mais e ela chorou. Aí o coração parou. Foi aquele ódio. Quem fez isso com a criança? Se a gente viesse no ritmo frenético que normalmente fazemos, não a teríamos encontrado”, disse.
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Com três filhos, ele contou que a esposa apoiou imediatamente a ideia de acolher a bebê. “Quero adotá-la. Temos que passar por vários procedimentos para isso. Somos trabalhadores, não é assim de imediato. Quando falei com a minha esposa, ela disse: ‘Traz para mim que eu cuido!’. Eu disse para ela que não é assim que funciona”, relatou. Samuel visitou a menina no hospital no mesmo dia.
Outro gari que participou do resgate, Anderson Mendes Nunes, também considerou a possibilidade de adoção e afirmou que a bebê já é considerada parte da equipe: “Quando encontramos a criança, foi uma coisa de Deus mesmo; foi a mão de Deus na situação. Já vi situações nos jornais, mas você nunca espera que vá acontecer com você. Ela ter respondido com vida, com saúde… Foi muito emocionante. A gente só tem a agradecer, pois o Senhor não permitiu que nada acontecesse com a Vitória. Ela é nossa mascote agora”.
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Anderson destacou que o grupo só localizou a recém-nascida por ter alterado o trajeto da coleta naquele dia. “Normalmente começamos esse roteiro de forma bem diferente, e pegamos essas ruas às 11h, não às 3h. Começamos pela parte de baixo dessa vez. Quando entramos nessa rua começou a bater um cansaço, e ainda faltavam cinco ruas. Avançávamos devagar. Paramos na Ouro Preto e a encontramos”, afirmou.
A bebê segue internada na Unidade Intermediária do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, com quadro de saúde estável. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ela está sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional. O Conselho Tutelar e a Vara da Infância já foram acionados.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a criança deverá permanecer no hospital até atingir o peso ideal para alta. Após esse período, será encaminhada a uma unidade de acolhimento. O procedimento padrão prevê a tentativa de localização de familiares antes da possibilidade de adoção. A investigação do caso está sob responsabilidade da 29ª DP (Madureira), após registro inicial na 40ª DP (Honório Gurgel).
Samuel, emocionado, disse que deseja acompanhar a trajetória da menina: “Aqui na Comlurb somos uma família que trabalha junta há mais de dez anos. Ela vai ser da nossa família. Quero conseguir a guarda para contar a história dela. Vou fazer de tudo para que ela fique perto da gente, e, quando ela for maior de idade, vou mostrar o vídeo dela pequenininha, falar que ela nasceu duas vezes”.
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