O uso excessivo de fertilizantes na agricultura agrava a crise climática porque libera óxido nitroso (N2O) na atmosfera, um gás de efeito estufa muito forte conhecido como gás hilariante devido às suas propriedades psicoativas.
Porém, o uso de um adubo que contém bactérias que consomem o óxido nitroso pode reduzir essas emissões agrícolas, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (29) na revista científica Nature, que repercutiu na imprensa brasileira nesta segunda-feira (03).
“Elas não só consomem N2O e libertam substâncias inofensivas, mas também crescem num certo tipo de resíduo orgânico que pode ser usado como fertilizante e são capazes de sobreviver no solo”, afirma Elisabeth G. Hiis, autora do estudo.
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Doutoranda da Universidade Norueguesa, ela também explica que o óxido nitroso é um gás de efeito estufa persistente que tem a capacidade de reter quase 300 vezes mais calor do que o dióxido de carbono (CO2).
É o terceiro gás mais preocupante para o aquecimento global, depois do metano e do CO2. Ainda segundo ela, com mais de 8 bilhões de pessoas no mundo, o uso de nitrogênio na agricultura é considerado “essencial” para a produção vegetal, especialmente na forma de fertilizantes sintéticos.
Isso cria um círculo vicioso: quanto mais tentamos aumentar a produtividade dos solos desgastados com fertilizantes, mais gases prejudiciais liberamos na atmosfera, afastando-nos dos objetivos do Acordo de Paris.
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A equipe acredita que é possível quebrar esse ciclo com um fertilizante contendo bactérias que consomem o óxido nitroso e liberam nitrogênio, um gás inofensivo para a atmosfera. Eles desenvolveram o método usando a estirpe bacteriana Cloacibacterium sp. CB-01, que consome o gás hilariante durante a respiração.
Os resultados mostraram que a mistura rica em bactérias CB-01 reduziu as emissões de óxido nitroso entre 50 e 95%, dependendo do tipo de solo. A abundância de CB-01 permaneceu relativamente alta, sugerindo que essa abordagem tem potencial para limitar as emissões durante uma estação de crescimento, conforme uma nota de imprensa da Nature.
Os autores do estudo acreditam que o método pode ser uma maneira barata e eficaz de reduzir as emissões no setor agrícola. No entanto, eles enfatizam que o aprimoramento das estirpes bacterianas pode aumentar a eficiência e a resistência dos microrganismos aos fatores ambientais.
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