O presidente do INSS, Gilberto Waller, revelou que o órgão recebeu quase 215 mil respostas de entidades sobre possíveis descontos indevidos em aposentadorias e pensões. No entanto, surpreendentemente, apenas 12 casos foram oficialmente reconhecidos como erro. Para esses, o INSS já emitiu guias de ressarcimento, buscando devolver os valores descontados indevidamente.
Apesar do número reduzido de erros admitidos, o cenário é muito mais complexo. As entidades investigadas apresentaram documentos em mais de 148 mil casos para tentar justificar os descontos e alegaram que outros 62 mil foram acordados judicialmente. A Justiça Federal, por sua vez, determinou o bloqueio de R$ 23,8 milhões em bens de empresas e sócios suspeitos de fraudes contra beneficiários do INSS, atendendo a um pedido da AGU.
As investigações apontam para um esquema de corrupção envolvendo uso de “laranjas” e documentos falsos. Onze entidades associativas estão sob suspeita de realizar descontos sem autorização nos benefícios de aposentados e pensionistas. Entre elas estão a Contag, Sindnapi, AAPB, Aapen, Conafer e outras organizações que deveriam representar os interesses dos beneficiários, mas agora enfrentam processos administrativos por corrupção e formação de quadrilha.
O caso levanta sérias preocupações sobre a transparência e a segurança dos dados dos beneficiários do INSS. Com um número tão alto de queixas e tão poucos erros reconhecidos, cresce a desconfiança sobre a efetividade da apuração e o alcance real da fraude.
O escândalo, que já movimenta milhões de reais e envolve entidades de todo o país, promete se desdobrar em novas fases de investigação, podendo resultar em punições severas e mudanças nos mecanismos de autorização de descontos nos benefícios previdenciários.