Condenado a 8 anos e 3 meses de prisão por crimes de racismo e discriminação contra pessoas com deficiência, o humorista Leo Lins voltou a gerar controvérsia nesta segunda-feira (9/6). Em tom irônico, ele compartilhou nos Stories do Instagram um presente que recebeu de um fã: um “Kit Cadeia”, contendo algema, celular e uma cartela de cigarros, todos embalados nas cores da bandeira do Brasil. “Isso é rir da minha desgraça. Vou processar! (aviso: ironia)”, escreveu ele na legenda.
A condenação de Lins foi determinada pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo (TRF3), com base na Lei do Racismo (Lei 7.716/89) e no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015). O humorista também foi sentenciado a pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A Justiça entendeu que o contexto humorístico não justifica as ofensas, e que a liberdade de expressão não pode ser usada como escudo para práticas criminosas.
O conteúdo que levou à condenação inclui piadas ofensivas divulgadas nas redes sociais e em um show de stand-up realizado em 2022. Entre os alvos das declarações estão negros, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus, idosos, obesos, pessoas com HIV e pessoas com deficiência. Segundo a juíza responsável pelo caso, Lins chegou a cometer uma ofensa a cada cinco minutos de apresentação.
Apesar da gravidade da sentença, o humorista tem recebido apoio de diversas figuras públicas. Nomes como Danilo Gentili, Marcos Mion, Leandro Hassum e Hélio de La Peña criticaram a decisão judicial e defenderam o direito à liberdade artística. A polêmica também gerou reações no meio político, com a proposta de criação da “Lei Leo Lins”, que visa proteger humoristas de punições judiciais por suas piadas.
O caso continua gerando intensos debates sobre os limites do humor e da liberdade de expressão no Brasil, e ainda cabe recurso à condenação.