Em resposta direta ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou um plano emergencial de R$ 30 bilhões para proteger empresas brasileiras afetadas pela nova taxação de 50% sobre exportações. A sobretaxa, assinada por Donald Trump, atinge 36% das exportações nacionais e entrou em vigor em 6 de agosto, gerando tensão diplomática e econômica entre os países.
Durante o lançamento do plano, batizado de “Brasil Soberano”, Lula afirmou que o Brasil não retaliará, mas deixará claro que sua soberania “é intocável”. O presidente estava acompanhado dos presidentes da Câmara e do Senado, e passou a responsabilidade de aprovação do pacote ao Congresso. O plano inclui a ampliação do Programa Reintegra, que devolverá até 6% do valor exportado para micro e pequenas empresas e 3% para as maiores.
O governo brasileiro considera a medida americana desproporcional, especialmente porque o Brasil apresenta um déficit comercial de apenas US$ 200 milhões com os EUA, tendo importado US$ 40,6 bilhões e exportado US$ 40,4 bilhões em 2024. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a sanção é “injustificável” e ocorre justamente porque o Brasil estaria sendo “mais democrático”.
A ordem executiva de Trump, assinada em 31 de julho, adicionou 40% à alíquota de 10% já em vigor desde abril. Apesar disso, cerca de 700 produtos foram poupados da sobretaxa, incluindo suco de laranja, petróleo e minério de ferro.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que coordena a resposta brasileira, reforçou que o país busca negociação e não conflito. O governo também pretende fortalecer a inserção de empresas nacionais em outros mercados, reduzindo a dependência dos EUA.
O gesto de Lula é visto como tentativa de preservar o comércio exterior brasileiro sem acirrar tensões com Washington, mas também de reafirmar o protagonismo do Brasil em um cenário global cada vez mais protecionista.