O prefeito Vaguinho Espíndola (PSD), de Criciúma, em Santa Catarina, passou quase um dia vivendo como morador de rua. Disfarçado com barba e peruca postiças, roupas rasgadas e maquiagem, ele circulou pela cidade de 225 mil habitantes, recebeu esmolas, ganhou café e comida, mas não foi reconhecido nem pela própria família. A experiência durou 20 horas e teve como objetivo compreender a realidade dessa população para orientar políticas públicas.
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Espíndola contou que o momento mais marcante foi quando passou próximo à própria casa e encontrou a esposa e os dois filhos, que seguiram sem perceber sua presença. “Eles passaram direto por mim. Foi quando senti a sensação terrível de ser invisível”, afirmou ao Estadão. Em outro episódio, um menino de cerca de 10 anos lhe ofereceu uma xícara de café em uma manhã gelada: “Não conheço o piá, nem ele me reconheceu. Era um dia muito frio, a região aqui é fria, mas o gesto me emocionou”.
Durante a ação, ele permaneceu embaixo de um semáforo pedindo ajuda e arrecadou quase R$ 6 em moedas em apenas 15 minutos. Também visitou a região do Pinheirinho, ponto de concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade e usuários de drogas. Por volta da 0h30, já dormindo sob a marquise de uma igreja, foi abordado pela equipe de assistência social do município, que acabou reconhecendo o prefeito e interrompeu a experiência antes do previsto.
Segundo ele, a presença das drogas foi um dos aspectos mais evidentes da vivência nas ruas. “Aqui tem algumas bocas, fui até elas e pude ver como esse mundo de crime e do tráfico está infiltrado entre essa população em situação de rua. Posso afirmar que a droga não é o motivo principal para a pessoa ir para a rua, mas é 100% o motivo para elas não saírem da rua”, declarou.
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A prefeitura mantém programas de acolhimento, como a casa de passagem, que oferece alimentação, banho, abrigo e treinamento até a inserção no mercado de trabalho. De acordo com Espíndola, a cidade reduziu de 280 para 170 o número de pessoas em situação de rua desde o início do ano. Ele pretende enviar à Câmara um projeto autorizando a internação involuntária de dependentes químicos. “Estamos credenciando 50 vagas em clínica para essas internações”, disse.
O prefeito afirmou ainda que muitos dos moradores de rua que encontrou não são de Criciúma: “Vamos ter um observatório municipal para esse público, pois os números são imprecisos. As pessoas que estão aqui hoje, amanhã estão em Florianópolis, depois vão para São Paulo”. Ele destacou também o trabalho das equipes de assistência, que ampliaram atendimentos com psicólogos e assistentes sociais para reconstrução de vínculos. “O monitoramento deste mês mostrou que de cada 10 que internamos, com a ajuda dos assistentes sociais, seis deles refizeram os vínculos familiares, três estão nas casas de passagem trabalhando e um voltou para a rua. Não se trata apenas de tirar das ruas, mas dar tratamento, trabalho e esperança”, concluiu.
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