O governo de Donald Trump avalia devolver o visto de entrada nos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. A medida é considerada uma estratégia diplomática diante do iminente julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma da Corte, prevista para o próximo mês. A condenação de Bolsonaro é vista como provável, inclusive por aliados do ex-chefe do Executivo.
A Casa Branca acredita que Fachin, que deve assumir a presidência do STF em 28 de setembro, poderá ter papel decisivo ao analisar um possível recurso de Bolsonaro para levar o caso ao plenário completo do tribunal, composto por 11 ministros. A devolução do visto seria um gesto político de Washington, sinalizando boa vontade e buscando um canal de diálogo com o Judiciário brasileiro.
Integrantes do Departamento de Estado norte-americano avaliam que Fachin não tem adotado postura de confronto com os EUA e poderia atuar como figura conciliadora nas relações bilaterais. No entanto, até o momento, o ministro não deu sinais de que adotará posicionamento diferente do relator do caso, Alexandre de Moraes, conhecido por sua firme atuação nos processos contra Bolsonaro.
Fachin foi nomeado ao STF pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2015. Seu visto, assim como o de outros sete ministros da Corte, havia sido revogado pelo governo Trump. Apenas André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux mantiveram seus vistos válidos.
As discussões sobre a possível devolução do visto de Fachin têm ocorrido em reuniões que envolvem representantes do governo norte-americano, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo.
O movimento ocorre em meio a um cenário de tensões diplomáticas e sanções unilaterais impostas pelos EUA a ministros do STF, como Alexandre de Moraes, que foi alvo de medidas restritivas, incluindo o bloqueio de acesso a companhias aéreas, hotéis e serviços da Apple.