Durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou a liberação de emendas parlamentares, totalizando R$ 3,2 bilhões desde o início da análise do caso. Somente no dia 9 de setembro, quando o STF retomou os votos dos ministros, foram pagos R$ 2,3 bilhões — o maior valor liberado em um único dia em 2025.
A movimentação é interpretada como uma estratégia do Planalto para conter o avanço da proposta de anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado, da qual Bolsonaro é o principal alvo. A maior parte dos recursos (91,3%) corresponde a emendas individuais, que garantem retorno político direto aos parlamentares, enquanto o restante é oriundo de emendas de bancadas, comissões e do relator do Orçamento.
A liberação acelerada dos recursos ocorre em meio a uma divisão no Centrão. Uma ala do grupo quer votar a proposta de anistia para enterrá-la de vez, enquanto outra apoia a oposição na tentativa de aprová-la. O governo aposta no fortalecimento do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que é contrário à anistia, para articular a derrota definitiva da proposta.
A escassez de emendas nos meses anteriores contribuiu para derrotas do governo, como na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre fraudes no INSS, onde a oposição, em aliança com o Centrão, conseguiu impor seus nomes para os cargos de comando.
A expectativa do Planalto é que a liberação contínua de recursos ajude a consolidar apoio no Congresso e evite surpresas na votação da anistia. A movimentação também visa retomar o controle da pauta legislativa e reduzir a influência da oposição em votações-chave.