
Uma criança negra de seis anos, aluna da escola particular São José de Vila Matilde, localizada na zona leste de São Paulo, relatou à mãe, a jornalista Lohe Duarte, episódios de racismo por parte de colegas. Segundo Lohe, as ofensas começaram em abril e, desde então, a direção da escola tem demonstrado negligência diante das denúncias.
Entre os comentários ofensivos, colegas teriam dito que o cabelo da menina era “feio” e que ela não poderia ser amiga deles por causa da cor da pele. A menina também estaria sendo excluída das brincadeiras. Lohe descobriu os episódios durante conversas diárias com a filha, nas quais sempre procura saber como foi o dia escolar da menina. A criança, por ser muito nova, não compreendeu que estava sendo vítima de preconceito.
A mãe relatou que, após começar a frequentar essa escola, a filha passou a apresentar crises de choro e baixa autoestima, comportamento que não era observado em outros ambientes como igreja ou em escolas anteriores. A situação foi comunicada à escola e registrada em relatório interno. Em resposta, uma professora sugeriu que a mãe fortalecesse a autoestima da filha para que ela se sentisse mais acolhida.
Além das ofensas, a garota estaria sendo constantemente repreendida e punida, inclusive por questões que, segundo a mãe, deveriam ser tratadas com os responsáveis, como uniforme e alimentação. Lohe afirma que nunca foi comunicada formalmente sobre problemas de comportamento da filha.
A jornalista também é mãe de uma adolescente branca de 14 anos que estuda na mesma instituição. Segundo ela, a diferença no tratamento entre as duas é evidente, tanto no acolhimento quanto no acesso à coordenação. Enquanto a mais velha sempre foi bem atendida, a mais nova enfrenta dificuldades para ser ouvida.
Lohe tentou diversas vezes discutir o caso com a direção, mas relata ter sido ignorada. Em uma reunião, a mãe de uma das alunas envolvidas chegou a ironizar dizendo que “tudo é racismo”. A escola, em nota enviada à Secretaria de Educação, afirmou não ter identificado conduta racista e alegou que a mãe apresentou comportamento exaltado em algumas ocasiões. A Seduc informou que acompanha o caso por meio da Unidade Regional de Ensino Leste 4.