Dezesseis anos após sobreviver a um dos ataques de animais mais violentos já registrados nos Estados Unidos, Charla Nash, hoje com 71 anos, voltou a falar sobre sua recuperação e mostrou o rosto após o transplante facial realizado em 2011. Em entrevista ao programa 60 Minutes Australia, ela relatou os desafios de sua rotina, os avanços obtidos e suas esperanças para o futuro.
O ataque aconteceu em fevereiro de 2009, em Stamford, Connecticut, quando Charla foi surpreendida pelo chimpanzé Travis, de 90 quilos, criado como membro da família pela amiga e empregadora Sandra Herold. O animal a atacou com extrema violência, mutilando nariz, lábios, pálpebras e mãos. A agressão só terminou com a chegada da polícia, que matou o chimpanzé a tiros.
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Dois anos depois, Charla foi submetida a um transplante total de face no Brigham and Women’s Hospital, em Boston, em um procedimento financiado pelo exército americano, interessado em aplicar a técnica no tratamento de soldados feridos em combate.
Hoje, vivendo em um centro de cuidados assistidos, ela se submete a exames frequentes como parte do acompanhamento médico. Embora tenha perdido as próteses das mãos por rejeição, os especialistas consideram o transplante facial um sucesso. Cega em razão de uma doença transmitida pelo animal, ela comemora pequenos progressos. “Ainda não sinto o nariz nem o lábio superior, mas já tenho sensação nas bochechas e na testa. É um processo, mas está melhorando”, contou.
Antes do ataque, Charla era atleta e cuidava da filha sozinha. Atualmente, precisa de ajuda para tarefas simples. “Já troquei pneus do meu carro sozinha. Agora, mal consigo me alimentar sem assistência”, desabafou. Apesar das limitações, ela afirma manter o desejo de viver e sonha em ter dias tranquilos em uma cidade pequena, de preferência em uma fazenda.
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A história de Travis também chamou atenção na época. O chimpanzé já havia participado de comerciais de TV e tinha hábitos humanizados, como abrir portas, usar computador e beber vinho em taças. No dia do ataque, havia consumido chá gelado misturado com Xanax, o que pode ter influenciado seu comportamento agressivo. Investigadores acreditam que Travis não reconheceu Charla por causa de um penteado diferente. Ela mesma já havia expressado receio: “Eu olhava para ele na jaula e me perguntava: como ela pode manter isso aqui? E se ele escapar e machucar alguém?”.
Depois do episódio, a família de Charla tentou processar o estado de Connecticut pela falta de fiscalização, mas a ação foi negada, já que a posse de chimpanzés não era proibida por lei na época. Em 2010, após a morte de Sandra Herold, Charla recebeu cerca de US$ 4 milhões (R$ 22 milhões) de sua herança.
Agora, ela atua ao lado de ativistas em campanhas para endurecer as regras sobre a posse de animais exóticos. Seu objetivo é evitar que outras pessoas enfrentem o que ela viveu. “Esses animais são bonitos, mas não são animais de estimação”, concluiu.
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