Geraldo Vaz Junior, de 58 anos, passou por um transplante de fígado em março de 2023, acreditando que seria o início de uma nova fase após enfrentar a hepatite C. No entanto, meses depois, exames revelaram que o órgão transplantado continha um adenocarcinoma, um tipo de tumor maligno. Pouco tempo depois, ele foi diagnosticado com metástase pulmonar do mesmo câncer.
Desde então, Geraldo precisou realizar um novo transplante e passou a fazer sessões de quimioterapia. Ao lado do marido, Márcia Helena Vaz, sua esposa, iniciou uma mobilização nas redes sociais e nas ruas de São Paulo para cobrar esclarecimentos das autoridades. Ela afirma que o silêncio institucional pode permitir a repetição de erros semelhantes.
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A legislação brasileira exige que a doação de órgãos seja anônima e gratuita, o que impede o acesso da família a informações sobre o doador. Márcia soube apenas que se tratava de uma mulher que faleceu em decorrência de um AVC. Os exames mais recentes apontam que a metástase de Geraldo é incurável, e o tratamento com quimioterapia será contínuo.
O Ministério da Saúde declarou que não foram encontrados sinais de doenças durante a triagem do órgão doado e que todos os procedimentos seguiram os protocolos nacionais e internacionais. A pasta também informou que acompanha o caso junto à Central Estadual de Transplantes e ao hospital responsável.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo reforçou que os transplantes seguem critérios rigorosos, com exames clínicos e laboratoriais obrigatórios. O Hospital Albert Einstein, onde Geraldo é acompanhado, esclareceu que não participou da triagem do doador.
Especialistas afirmam que a transmissão de câncer em transplantes é extremamente rara, com incidência inferior a 0,03%, mas que o risco existe. O oncologista Paulo Hoff explicou que, apesar da triagem, tumores ocultos podem passar despercebidos. Segundo ele, o câncer veio do fígado transplantado, indicando que a doadora teve a doença em algum momento.