No início de 2010, MaryBeth Lewis e seu marido, Bob Lewis, ganharam destaque na pequena cidade de Elma, Nova York, após o nascimento de seu oitavo filho — uma menina, assim como suas sete irmãs mais velhas.
“A primeira criança foi a maior mudança. Depois disso, as coisas foram se encaixando”, disse MaryBeth em uma reportagem local, rindo ao comentar: “Se você prepara comida para um, pode preparar para outro.”
Ela acrescentou, na época, que não pretendia ter mais filhos: “Minhas mãos já estão cheias com esses pequenos.”
Mas a família de MaryBeth continuou crescendo, e crescendo — e crescendo. Sua trajetória rumo à maternidade culminou em acusações criminais graves relacionadas aos gêmeos que ela chama de seus 14º e 15º filhos.
Essas duas crianças, um menino e uma menina, nasceram a partir de embriões doados e de uma barriga de aluguel contratada por MaryBeth, hoje com 68 anos.
MaryBeth, enfermeira, e Bob, piloto aposentado da FedEx, recorreram à fertilização in vitro usando uma combinação de embriões próprios e doadores (óvulos e esperma) para cada um dos filhos após o quinto. Ela mesma carregou todas as gestações.
Depois de dar à luz sua oitava menina, em 2010, MaryBeth teve gêmeos meninos em 2012 e, em 2016, mais gêmeos — seus 11º e 12º filhos — aos 59 anos. Seu 13º filho nasceu quando ela tinha 62 anos.
“Meus filhos eram meu amor, minhas bênçãos”, afirmou.
A gravidez mais recente foi a única em que recorreram a uma barriga de aluguel e embriões doados — e foi aí que começaram os problemas, em 2023, quando MaryBeth “enganou” a clínica de fertilização, o marido e até o juiz responsável pelo caso.
MaryBeth falsificou a assinatura de Bob no contrato de barriga de aluguel, o que viola a lei estadual, que exige o consentimento de ambos os pais.
Embora ela alegue que o marido apoiava o plano inicialmente — algo que ele nega —, Bob deixou claro depois que não queria mais do que 13 filhos. Mesmo assim, MaryBeth prosseguiu com os embriões doados e a barriga de aluguel, dizendo que não suportava a ideia de destruir os embriões.
O procedimento deu certo, mas MaryBeth manteve a gravidez em segredo por meses.
Em uma audiência virtual, via Zoom, em setembro de 2023, para obter a ordem de filiação, MaryBeth aparentemente se passou pelo marido, que ainda não sabia de nada. Ela entrou com uma conta separada para Bob e manteve a câmera desligada. Quando o juiz se dirigiu a ele, MaryBeth respondeu com um murmúrio afirmativo.
Dias depois, Bob descobriu a existência da barriga de aluguel ao ver a ordem judicial chegar pelo correio. Furioso, ele procurou o advogado contratado por MaryBeth, que imediatamente informou o juiz.
Isso deu início a um processo de dois anos — caro e emocionalmente desgastante — envolvendo batalhas familiares e criminais.
MaryBeth admitiu: “Não me senti bem com o que fiz”, mas ainda assim contesta as acusações e luta pela guarda dos filhos.
Em 2023, ela foi indiciada por várias acusações, incluindo falsificação em segundo grau, personificação criminosa em primeiro grau, falso testemunho e, mais seriamente, tentativa de sequestro em segundo grau.
As autoridades do condado também moveram uma ação para impedir que ela e Bob obtivessem a guarda dos gêmeos nascidos por barriga de aluguel. As crianças estão atualmente sob cuidados de pais adotivos.
“Não podemos permitir que crimes cometidos na criação de uma vida resultem exatamente no que os autores desejavam obter com tal conduta criminosa”, declarou um advogado do Departamento de Serviços Sociais do condado durante uma audiência.
MaryBeth rejeitou dois acordos judiciais para continuar lutando pela guarda — luta que agora conta com o apoio do marido e também da barriga de aluguel original.
Embora alguns de seus filhos tenham se revoltado com a decisão da mãe de continuar tendo crianças, a maioria passou a defendê-la.
“Ela não é perfeita, mas ninguém é”, disse uma das filhas. “Ela é, de verdade, uma mãe e uma pessoa maravilhosa.”
MaryBeth falou sobre seu desejo contínuo de ser mãe, sobre a forma como lidou com o caso de barriga de aluguel e sobre como se sente injustiçada pelo sistema.
“É terrível o que fizeram comigo, com Bob e com nossos filhos”, afirmou após uma audiência em outubro para determinar a guarda.
O caso ainda está em andamento. Embora um novo juiz tenha determinado que os Lewis são os pais legais das duas crianças, os pais adotivos recorreram da decisão.
“Esperamos sinceramente que a justiça prevaleça, que a integridade seja mantida e que duas crianças muito preciosas sejam protegidas”, escreveu o pai adotivo em carta ao tribunal.
Advogados de todas as partes — apesar de discordarem sobre a conduta e a capacidade de MaryBeth como mãe — expressaram surpresa diante da natureza incomum do caso.
“Quando vimos pela primeira vez, pensamos: ‘Isso é real?’ É uma coleção de alegações completamente fora do comum”, disse o promotor Brooks T. Baker, do condado de Steuben.
Os advogados de MaryBeth concordaram: “Eu sinceramente não podia acreditar no que estava ouvindo. Foi uma daquelas situações de ficar de queixo caído”, afirmou Sarah E. Wesley.
As crianças envolvidas permanecem fora do foco público. Se conseguir a guarda, MaryBeth pretende mudar seus nomes.
A mãe adotiva contou que os pequenos adoram histórias como Brown Bear, Brown Bear, What Do You See? e que ela sempre lê para eles antes de dormir.
Eles completaram dois anos no início deste mês.
