
Bolsonaro encara sua derrocada política após anos de protagonismo na direita brasileira. (Foto: Instagram)
A célebre frase de Agamenon Magalhães, "ninguém governa governador", dita nos anos 1930, permanece atual. Magalhães, que foi interventor em Pernambuco durante o Estado Novo e depois eleito governador, sabia que autoridades com mandato popular resistem a pressões externas. Se isso vale para governadores, mais ainda para presidentes, que só perdem o cargo por renúncia ou por um golpe, como ocorreu com João Goulart em 1964. Já Jânio Quadros, por decisão própria, renunciou na esperança de voltar ao poder com apoio popular — o que não aconteceu.
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Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito após a ditadura, foi derrubado por escândalos de corrupção. Impedido em 1992, foi novamente condenado em 2023 e cumpre hoje pena de quase nove anos em prisão domiciliar. Jair Bolsonaro, por sua vez, entregou-se à própria ruína. Considerado despreparado para o cargo, enfrenta diversas acusações e pode passar anos recluso, seja em sua residência, seja na sede da Polícia Federal em Brasília.
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Bolsonaro está inelegível até 2060, quando já teria 105 anos. Apesar disso, seu nome ainda é relevante no cenário político, pois mantém influência sobre a direita, que depende de sua base de apoio para obter sucesso eleitoral. Mesmo fora das urnas, ele continuará sendo um obstáculo para a consolidação de novas lideranças conservadoras.
Há quem diga que a direita pode vencer Lula em 2026, mesmo sem o apoio de Bolsonaro, com nomes como Tarcísio de Freitas. Mas será que o próprio Tarcísio acredita nisso? E, caso receba o apoio de Bolsonaro, quem garante que ele não será abandonado mais adiante?
A direita brasileira, carente de votos consistentes, costuma buscar atalhos para o poder. Esses atalhos geralmente se apresentam em forma de golpes ou de figuras populistas, nem sempre alinhadas à direita. Jânio Quadros e Fernando Collor foram exemplos disso. Bolsonaro, o mais recente deles, mostrou os riscos dessa estratégia.

