Em 30 de junho de 2009, um Airbus A310 da companhia Yemenia despencou no Oceano Índico durante a aproximação para pouso nas Ilhas Comores. Das 153 pessoas a bordo, 152 perderam a vida. Entre elas estava a mãe da francesa de 12 anos, Bahia Bakari — a única sobrevivente de um dos acidentes aéreos mais trágicos da década.
Sem colete salva-vidas nem experiência com natação, Bahia acordou em meio à destruição: flutuando sozinha num mar escuro, agarrada a fragmentos do avião. Por cerca de nove a treze horas, ela resistiu às ondas e à temperatura fria da noite, tentando se manter viva até ser avistada por pescadores que participavam das operações de resgate.
O impacto traumático deixou marcas físicas — fraturas, queimaduras e ferimentos diversos — e emocionais profundas. Mas, de acordo com relatos da mídia e depoimentos da própria Bahia, o que mais doeu foi a perda da mãe e a dor de carregar esse peso desde tão jovem.
Apesar de tudo, ela foi chamada de “a menina milagrosa” pela imprensa mundial. Quando retornou à França, foi festejada como símbolo de sobrevivência e esperança. Anos depois, durante o julgamento da companhia aérea envolvida, Bahia compareceu para declarar — relembrando o horror daquela noite, e afirmando que sua luta não é apenas pessoal, mas por todas as vítimas e seus familiares.
O tribunal francês acabou responsabilizando a empresa — reconhecendo que falhas no procedimento de pouso e controle contribuíram para o desastre. A decisão foi vista como vitória simbólica, mas não apaga o trauma, o luto e a dor de quem sobreviveu — e de quem perdeu tudo.
Hoje adulta, Bahia vive longe dos holofotes — mas sua história segue viva como um lembrete brutal: em meio à tragédia, o ser humano pode surpreender. Sua sobrevivência não foi sorte apenas — foi resistência, coragem e esperança que não se apagou, mesmo quando tudo ao redor parecia desmoronar.
