Influencer de medicina chinesa é condenado por trabalho análogo à escravidão (Foto: Instagram)
Conhecido por seus vídeos sobre medicina chinesa e bem-estar, Peter Liu, que soma mais de 3 milhões de seguidores no YouTube, foi condenado pela Justiça do Trabalho de Campinas (SP) por manter uma mulher em situação de trabalho análogo à escravidão. A funcionária atuava tanto na casa da família quanto na clínica do influencer, sem receber salário por décadas.
++ Dormindo e lucrando: o truque de IA que virou renda passiva de gente comum
Apesar de Peter Liu afirmar que a trabalhadora era empregada de sua ex-esposa e que não tem contato com ela há mais de 20 anos, documentos do processo mostram o contrário. Imagens anexadas mostram Liu ao lado da funcionária, de sua filha e do genro em 2018, em uma sorveteria no interior paulista.
++ Autor de série Tremembé expõe ‘Real’ motivo de Suzane von Richthofen ter matado os pais
A mulher, natural de Belo Jardim (PE), começou a trabalhar para a família em 1992, ainda em Recife, como babá. Nos primeiros meses, recebeu um salário mínimo, sem registro formal. A promessa de regularização nunca se concretizou, e ela foi levada para Campinas, onde passou a trabalhar sem remuneração.
Segundo a denúncia, a empregada, semianalfabeta, viveu por 30 anos em regime de total exploração, realizando tarefas domésticas e atuando como assistente na clínica de medicina chinesa da família. Seu dia começava às 7h e só terminava às 22h, com pausas apenas para comer.
A filha de Liu, Anni, que também foi condenada, afirma ter rompido com os pais após perceber a situação da funcionária. Ela diz que ajudou a mulher a buscar apoio psicológico e a sair da casa dos pais. A defesa da família, no entanto, questiona a sinceridade da filha, alegando que ela ainda vive com a ex-empregada.
A Justiça determinou o pagamento de R$ 400 mil de indenização à vítima, valor considerado insuficiente pela defesa dela, que aponta um patrimônio de R$ 10 milhões da família Liu. O juiz também encaminhou o caso ao Ministério Público do Trabalho, ao MPF e à Polícia Federal para apuração criminal.
A defesa de Peter Liu classifica o processo como uma tentativa de extorsão, articulada pela funcionária em conjunto com a filha do influencer. Eles afirmam confiar na reversão da decisão em instâncias superiores.
