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De acordo com o chef e professor Sinval Espírito Santo, do Centro Universitário UniBH, a raiz dessa controvérsia está relacionada ao paladar cultural brasileiro, que tende a separar sabores doces e salgados. Em estados como Minas Gerais, por exemplo, o contraste entre esses gostos não é comum, o que torna a presença da uva-passa em pratos salgados algo estranho para muitos.
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Sinval ainda ressalta que o gosto individual é influenciado por fatores sociais e culturais, como memórias afetivas e costumes familiares. Regiões com forte presença da culinária árabe, por exemplo, já têm o hábito de misturar frutas secas com pratos salgados, o que faz com que a uva-passa seja vista de forma mais positiva nesses contextos.
Apesar da resistência, muitos reconhecem o valor simbólico da uva-passa. Ela remete à fartura e à celebração, mesmo que seja retirada com o garfo por quem não aprecia o sabor. A professora Carol Haddad, também do UniBH, acredita que a chave para tornar o ingrediente mais aceito está no equilíbrio e na técnica culinária.
Ela sugere combinar a uva-passa com elementos mais salgados e intensos, como queijos curados, bacon ou caldos encorpados. Além disso, o uso de ingredientes ácidos, como limão ou vinagre, e o processo de hidratação da fruta antes do preparo podem suavizar seu sabor e melhorar sua textura.
Carol também alerta para o risco de exagerar na quantidade ou concentrar as passas em um único ponto do prato. Para agradar a todos, ela recomenda servir o ingrediente à parte ou bem misturado e picado, além de sempre oferecer uma versão sem passas.
No final, a uva-passa acaba representando mais do que um simples ingrediente: ela simboliza as tradições e as memórias que compõem o Natal brasileiro. E talvez seja justamente essa divisão de opiniões que garanta seu lugar cativo na ceia.
