Um experimento social realizado com estudantes do Colégio Adventista de Petrópolis, no Rio de Janeiro, chamou atenção ao expor adolescentes de 15 a 17 anos a comentários ofensivos reais retirados da internet. A atividade faz parte da campanha “Quebrando o Silêncio”, promovida anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, com o objetivo de conscientizar sobre abusos e violência, incluindo o cyberbullying.
Durante a ação, os alunos foram convidados a ler frases de ódio publicadas online. As reações foram intensas: espanto, indignação e até choro. Uma das estudantes se emocionou ao ler a frase “se morrer, ninguém vai sentir sua falta”, revelando que já havia sido alvo do mesmo comentário na vida real. O vídeo da ação foi divulgado nas redes sociais e rapidamente viralizou, gerando debates sobre os impactos da violência digital.
De acordo com a psicóloga clínica Andrea de Lima Almeida Rojas, a adolescência é uma fase de formação da identidade e autoestima. Comentários ofensivos nas redes podem causar danos psicológicos profundos e silenciosos, como depressão e ansiedade. Ela alerta que esse tipo de violência pode afetar de forma duradoura a saúde mental dos jovens.
Dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2023 apontam que 30% das crianças e adolescentes já foram ofendidos na internet. Além disso, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos registrou mais de 74 mil casos de crimes de ódio online em 2022. A Fiocruz-SP também revelou que entre 21,6% e 34,1% dos jovens de 13 a 18 anos relataram ideação suicida associada ao cyberbullying.
A campanha, ao confrontar os jovens com a realidade da violência digital, busca promover empatia e responsabilidade no uso das redes sociais. A repercussão do vídeo reforça a urgência de discutir e combater o cyberbullying, especialmente entre adolescentes, principais vítimas desse tipo de agressão.