
Uma criança de 6 anos foi resgatada de uma situação de cárcere privado em Sorocaba, interior de São Paulo, onde vivia em condições precárias com os pais. Segundo informações do Conselho Tutelar, a menina passava a maior parte do tempo assistindo a conteúdos pornográficos em um celular. Após o resgate, ela foi levada ao Instituto Médico-Legal (IML), onde exames não identificaram sinais de abuso sexual. O celular utilizado pela criança ainda será periciado.
A conselheira tutelar Lígia Guerra relatou que a menina vivia em um quarto sem estímulos, com paredes brancas e poucos brinquedos. Ela dividia um colchão no chão com os pais e não tinha acesso à escola, atendimento médico ou televisão. O aparelho que usava era restrito e não permitia contato com o mundo exterior. Devido ao isolamento, a criança não aprendeu a falar e só consegue ingerir alimentos líquidos.
Durante o acolhimento, a menina demonstrou fascínio por objetos coloridos e não conseguia permanecer em ambientes fechados, chegando a quebrar o alarme de incêndio por causa da cor vermelha.
Os pais foram presos no dia 4 de setembro e levados à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba. Ambos tiveram os celulares apreendidos e responderão por sequestro e cárcere privado.
O caso veio à tona após vizinhos denunciarem que o pai da menina raspou o cabelo da esposa e a forçava a usar roupas masculinas. Eles também relataram que ouviam os gritos da criança quando a mãe saía para vender pães, mas nunca a viram fora de casa. A mãe, que usava um celular sem chip e dependia do marido para se comunicar, negou ser vítima de violência e recusou acolhimento.
A família materna informou que não via a menina desde que ela tinha 6 meses, pois o pai a afastou dos parentes. Ao saber da situação, os familiares contaram que a mulher já havia abandonado outro filho, hoje com 21 anos, criado pelos avós, atualmente acamados.