Uma estudante indiana de engenharia viu sua vida mudar completamente após perder os dois braços em um acidente de ônibus, em 2016. Quase um ano depois, Shreya Siddanagowder se tornou a primeira mulher do mundo a receber um transplante duplo acima do cotovelo e a primeira paciente da Ásia a passar pelo procedimento, recebendo braços masculinos.
O acidente aconteceu em 28 de setembro de 2016, quando a jovem viajava em um ônibus de turismo que capotou devido à imprudência do motorista, em Pune. “Meu antebraço direito foi completamente esmagado, o esquerdo ficou pendurado por músculos e pele, tive ferimentos no abdômen, joelho e cabeça”, contou. Após dias de incerteza no hospital, ela recebeu a notícia que mudaria sua vida: “Dois dias depois, quando eu ainda estava na UTI, meus pais revelaram que eu tinha perdido os dois antebraços. Foi devastador”.
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A estudante relatou os primeiros momentos ao se ver amputada: “Poucos dias depois, vi meus cotos pela primeira vez. Quando as bandagens foram retiradas, era uma visão horrível: pele preta, sangue escorrendo. Foi quando a realidade me atingiu em cheio”,
Dependente da mãe para atividades básicas, ela chegou a questionar seu futuro. “Eu sempre perguntava: ‘Por que eu?’. E minha mãe dizia: ‘Você recebeu tanta adversidade porque só você pode enfrentá-la. Se não for você, não sei quem poderia’”, contou.
Determinada a recuperar a independência, a jovem começou a treinar os pés para usar celular, laptop e até o controle da televisão. Mais tarde, testou próteses mecânicas e mioelétricas, mas rejeitou o uso. “Eram pesadas, feias e desconfortáveis. A ideia de passar 40 ou 50 anos da minha vida com ‘mãos de madeira’ era insuportável”, desabafou.
A esperança veio com a possibilidade de transplante. Em agosto de 2017, ela conheceu o cirurgião Subramania Iyer, em Kochi, e se cadastrou no sistema de doação. “Eu sabia dos riscos, de ter que usar imunossupressores pelo resto da vida, das complicações possíveis. Mas não ia desistir”, afirmou.
No mesmo dia, um doador compatível surgiu: Sachin, um jovem cuja família havia autorizado a doação múltipla de órgãos. “Não tive nenhuma objeção a receber braços masculinos. Sabia a importância de voltar a ter mãos”, disse.
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A cirurgia durou quase 14 horas e foi concluída em 9 de agosto de 2017. “Na manhã seguinte, depois de quase um ano sem antebraços, eu me senti completa novamente. Não consigo descrever a felicidade e a gratidão que senti ao ver minhas novas mãos”, expressou.
Desde então, a recuperação foi marcada por fisioterapia intensa. Hoje, ela consegue realizar a maior parte das tarefas de forma independente. “Sei que não foi uma cirurgia para salvar minha vida, mas para transformá-la. E transformou. Tenho confiança e força para seguir em frente”, declarou.
Grata aos médicos e à família do doador, ela afirma que o acidente redefiniu sua visão de mundo. “Sim, foi difícil, tive frustrações e angústias. Mas esses dias me ajudaram a crescer e a me amar ainda mais. Hoje, sem dúvidas, amo a mim mesma do jeito imperfeito que sou, mais forte e mais resistente. Aquele acidente poderia ter sido o fim, mas, estranhamente, foi o começo de algo novo, melhor e bonito”, finalizou.
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