
A síndrome de Cotard é uma condição psiquiátrica incomum, marcada por um afastamento extremo da realidade. Indivíduos afetados podem acreditar que estão mortos ou que partes do corpo desapareceram, o que leva à negligência com alimentação e higiene pessoal.
Esse distúrbio pode ser desencadeado por alterações no cérebro, questões psiquiátricas ou uma combinação desses fatores. Identificar os sintomas logo no início é fundamental para garantir um tratamento eficaz e evitar complicações sérias.
A síndrome costuma estar associada a transtornos mentais graves, como depressão psicótica, esquizofrenia e doenças neurodegenerativas. Também pode surgir após traumas, infecções ou lesões cerebrais. A condição afeta áreas cerebrais responsáveis pelo reconhecimento do corpo, emoções e percepção da identidade. O principal sintoma é o delírio de negação, no qual a pessoa perde a noção da própria existência ou acredita que está fisicamente morta.
De acordo com o neurologista Lucas Cruz, do Hospital Anchieta de Brasília, não há exames específicos que identifiquem a síndrome. O diagnóstico depende da avaliação psiquiátrica, embora exames neurológicos possam ser usados para excluir causas orgânicas.
A psiquiatra Renata Gondini, que atua em São Paulo, ressalta que o impacto da síndrome na rotina do paciente pode ser devastador. Muitos deixam de reconhecer sua imagem no espelho, sentem que perderam a alma ou descrevem o corpo como vazio. Frases como “meu coração parou” ou “meu corpo está morto” são comuns, demonstrando a ruptura entre mente e identidade.
Esse distanciamento da realidade compromete funções básicas, como comer, manter a higiene e interagir socialmente. Sem tratamento, o quadro pode piorar, levando ao isolamento e até ao risco de suicídio. Lesões cerebrais, como as causadas por AVC, traumas ou doenças como Alzheimer, também estão frequentemente ligadas ao surgimento da síndrome, segundo o neurologista Sergio Jordy.
Os sintomas mais comuns incluem a crença de estar morto, apatia profunda, isolamento social, descuido com alimentação e higiene, e uma sensação de desconexão corporal.
O tratamento exige uma abordagem multidisciplinar, com uso de medicamentos — como antidepressivos e antipsicóticos — e psicoterapia, que ajuda a restaurar a percepção da realidade. Estudos recentes apontam que alterações em circuitos cerebrais ligados à consciência e às emoções estão associadas à síndrome, o que abre caminho para terapias mais eficazes.

