
Pacientes que haviam perdido a visão devido à degeneração macular relacionada à idade (DMRI) conseguiram recuperar parcialmente a capacidade de enxergar com a ajuda de um novo implante de retina criado por cientistas europeus. O estudo, divulgado na revista The New England Journal of Medicine, revelou que o dispositivo permitiu que pessoas antes consideradas cegas funcionais voltassem a ler letras e palavras.
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O implante, do tamanho de uma ponta de caneta, é colocado sob a retina para substituir as células sensíveis à luz danificadas pela doença. Após um ano da cirurgia, 80% dos pacientes mostraram melhora significativa na visão. Segundo o oftalmologista Frank Holz, da Universidade de Bonn, na Alemanha, os participantes conseguiram retomar atividades diárias, como a leitura e o reconhecimento de palavras.
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A DMRI é a principal causa de cegueira irreversível em idosos e, na forma seca, ocorre devido ao acúmulo de depósitos sob a retina, levando à morte gradual das células fotossensíveis. Estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas no mundo tenham a forma avançada da doença. O novo implante, batizado de PRIMA, é um microdispositivo fotovoltaico que converte luz em sinais elétricos, estimulando diretamente os neurônios da retina ainda ativos.
Desenvolvido pela empresa Science Corporation, dos Estados Unidos, o sistema funciona com óculos especiais equipados com uma câmera. A imagem captada é transformada em luz infravermelha e projetada no implante, ativando seus pixels. Como não há fios e a energia vem da luz, o PRIMA representa um avanço em relação a próteses anteriores, permitindo ajustes de brilho e contraste, além de ampliar o campo visual.
O estudo clínico envolveu 38 pacientes com DMRI avançada em cinco países europeus. Após um ano, 26 deles conseguiram enxergar duas linhas a mais em testes oftalmológicos, e 22 relataram satisfação média ou alta com o dispositivo. Muitos passaram a usá-lo em casa para tarefas cotidianas.
Apesar dos resultados positivos, Holz reconhece limitações: o dispositivo atual tem apenas 381 pixels e oferece imagens em preto e branco, com leitura ainda lenta. Pesquisadores já trabalham em uma versão com resolução superior e cores. A empresa solicitou em junho a certificação para comercialização do PRIMA na Europa.
Especialistas independentes elogiaram o avanço, considerando-o um marco na recuperação da visão. Embora testado em casos de DMRI, os cientistas acreditam que a tecnologia também poderá beneficiar pacientes com outras doenças que afetam os fotorreceptores, como a retinite pigmentosa.