
Sede do Banco Master, agora fechado, simboliza a crise de confiança nos bancos médios brasileiros. (Foto: Instagram)
A falência do Banco Master desencadeou uma corrida de investidores em busca de informações sobre como reaver o dinheiro aplicado em produtos como CDBs. O episódio também gerou uma onda de desconfiança entre aqueles que investiram em bancos médios, os quais, assim como o Master, cresceram oferecendo opções atrativas de renda fixa.
++ Dormindo e lucrando: o truque de IA que virou renda passiva de gente comum
Os CDBs do Master se destacavam por oferecer até 140% do CDI, algo bem acima do que os grandes bancos pagam — geralmente abaixo de 100% do índice. Com a liquidação, a solidez dos chamados “bancões” volta a ganhar força, o que pode impactar o ritmo de crescimento dos bancos menores e aumentar a concentração no setor bancário.
++ Autor de série Tremembé expõe ‘Real’ motivo de Suzane von Richthofen ter matado os pais
Instituições de menor porte costumam captar recursos por meio de títulos como os CDBs e direcioná-los a pequenas e médias empresas. A quebra de confiança pode interromper esse ciclo. Em 2024, segundo o Banco Central, os CDBs movimentaram mais de R$ 1 trilhão, com a maior parte desse montante indo para bancos pequenos e médios.
A situação do Master traz de volta lembranças traumáticas de perdas financeiras no Brasil, como os confiscos governamentais e fraudes em esquemas de pirâmide. Esse histórico ajuda a explicar por que a poupança ainda é o investimento mais popular, mesmo com retorno baixo, segundo a Anbima.
Ainda há muitos brasileiros que evitam qualquer tipo de aplicação financeira. Em 2024, 32 milhões de pessoas com reservas disponíveis não investiram. Mesmo entre os que conseguiram poupar, apenas 39% aplicaram seu dinheiro em algum produto financeiro.
Apesar disso, a relação do brasileiro com o sistema financeiro mudou. Com a digitalização, operações antes burocráticas agora são feitas pelo celular. Plataformas especializadas ajudaram a popularizar produtos como LCI, LCA e CDB.
Essa transformação levou mais pessoas a investir. Em 2021, 31% da população aplicava em produtos financeiros; em 2024, esse número subiu para 37%. O aumento de investidores impulsionou setores como o agronegócio e a construção civil, além de fortalecer bancos médios.
Agora, investidores e instituições de médio porte terão que lidar com as consequências da liquidação do Master. Mais do que perdas financeiras, o maior desafio será restaurar a confiança em um mercado que ainda carrega cicatrizes profundas.

