
Filhote de orangotango aprende com sua mãe na floresta de Suaq Balimbing, Indonésia. (Foto: Instagram)
Pesquisadores descobriram que os orangotangos selvagens aprendem o que comer observando os mais velhos, antes de se separarem de suas mães. Essa transmissão de conhecimento é essencial para que os jovens desenvolvam dietas adequadas à sobrevivência na natureza. O estudo foi publicado na revista Nature Human Behaviour nesta segunda-feira (24/11).
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A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Zurique e da Universidade de Tübingen, analisou dados coletados ao longo de 12 anos em florestas pantanosas de Suaq Balimbing, na Indonésia. O objetivo era entender se os orangotangos jovens seriam capazes de aprender a se alimentar sozinhos, sem a influência de indivíduos mais experientes.
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Para isso, os cientistas criaram um modelo computacional simulando o desenvolvimento dos orangotangos da infância até a idade adulta, que ocorre por volta dos 15 anos. O modelo incluía fatores como a observação de outros animais, a convivência com adultos e o acompanhamento até locais de alimentação.
Os resultados mostraram que, quando esses comportamentos sociais estavam presentes, os orangotangos simulados adquiriam dietas semelhantes às dos adultos. No entanto, ao retirar um desses fatores, o repertório alimentar dos animais caiu para apenas 85% do esperado, indicando que o aprendizado social é determinante.
Segundo Elliot Howard-Spink, autor principal do estudo, a cultura acumulada pelos orangotangos ao longo das gerações permite que eles desenvolvam um conhecimento alimentar muito mais amplo do que conseguiriam sozinhos. Isso reforça a importância da transmissão de saberes entre indivíduos.
Na vida adulta, os orangotangos tendem a ser solitários, o que destaca ainda mais o papel do aprendizado na infância. Com o crescimento do número de órfãos na natureza, as chances de sobrevivência diminuem, tornando os programas de reintrodução ainda mais relevantes.
A coautora Caroline Schuppli ressalta que, além de ensinar os animais a se alimentar fora do cativeiro, é essencial transmitir toda a “cultura alimentar” da espécie para garantir sua adaptação e sobrevivência na selva.

