Carmen Blandin Tarleton tem uma trajetória marcada por dor, coragem e renascimento. Em 2007, ela foi brutalmente atacada pelo ex-marido: atingida por soda cáustica e gravemente ferida, teve cerca de 80% do corpo queimado — e o rosto completamente desfigurado. A partir daí, iniciou uma luta incansável pela vida.
Durante meses, passou por dezenas de cirurgias de reconstrução. Apesar dos esforços, o dano era profundo: elasticidade da pele comprometida, sequelas severas e visão muito prejudicada. A situação parecia sem saída — até que surgiu a possibilidade de um avanço da medicina: o transplante facial.
Em 2013, Carmen recebeu seu primeiro transplante de rosto. A operação foi um marco: na época, um dos poucos casos completos bem-sucedidos no mundo. A pele, nervos, músculos, lábios e a estrutura facial foram substituídas, retomando parte da sua dignidade e autonomia. A americana ganhou uma nova chance de viver — e de se reconhecer.
Mas a jornada não foi tranquila. Com o passar dos anos, seu corpo rejeitou o tecido transplantado: dores, lesões e fragilidade na cicatrização. Em 2020, decidida a recomeçar, Carmen optou por passar por um segundo transplante facial — uma raridade mundial: ela se tornou a primeira americana a fazer duas cirurgias desse tipo.
A segunda cirurgia representou não só um novo rosto, mas uma nova vida. Com doadora compatível e melhorias no procedimento, a recuperação foi mais tranquila. Carmen reaprendeu a sorrir, respirar dignidade e enxergar, mesmo que de forma limitada — e passou a usar a própria história para dar esperança a quem já sofreu traumas semelhantes.
Hoje, sua história é símbolo de resiliência: de que, mesmo após a dor mais profunda e a destruição de toda identidade física, é possível renascer. Carmen não é apenas uma sobrevivente — é uma mulher que escolheu viver, perdoar e inspirar.

