No terminal rodoviário central de Puebla (CAPU), no México, uma senhora apelidada de María de Jesús Mundo — conhecida por muitos como “Doña Mary” — passou anos sentada no mesmo banco, à espera dos filhos que prometeram buscá-la e nunca voltaram. O que era para ser um retorno cheio de expectativas se transformou em abandono e sofrimento público.
Tudo começou quando ela foi despejada de sua casa em Tehuacán, por não conseguir pagar aluguel. Sem para onde ir e com poucos recursos, decidiu esperar no terminal, acreditando que seus filhos retornariam — filhos que, segundo seu relato, haviam emigrado aos Estados Unidos. Desde então, Doña Mary dormia, comia e vivia ali mesmo, acompanhada apenas por uma bengala, algumas roupas e as doações de passageiros e funcionários da rodoviária.
Durante esses anos, sua história tocou quem passava por ali. Muitos comerciantes e viajantes deixavam alimentos e mantimentos. A comunidade local até tentou ajudá-la, oferecendo abrigo e apoio institucional. Ainda assim, ela recusava e dizia que esperava “o retorno dos filhos” — mantendo-se firme na promessa que, para ela, ainda tinha força.
Porém, na quinta-feira, 24 de julho de 2025, aos 80 anos, Doña Mary faleceu — sozinha, sobre o mesmo banco onde esperava faz tanto tempo. Equipes médicas chegaram para socorrê-la, mas já não havia sinais vitais. A aflição que marcava seus dias terminou sem o abraço esperado.
Sua morte reacendeu uma onda de indignação e tristeza on-line. A foto da idosa na rodoviária se espalhou nas redes e reacendeu debates sobre abandono familiar, negligência social e vulnerabilidade de idosos. Para muita gente, a história de Doña Mary virou símbolo de uma tragédia silenciosa — abandono afetivo disfarçado de esquecimento social.
Mesmo agora, as autoridades emitiram alerta: qualquer informação sobre familiares devem ser comunicadas. Mas para boa parte das pessoas que acompanharam sua espera dolorosa, o legado é claro — um apelo urgente à empatia, à solidariedade e à responsabilidade familiar.

