Uma família brasileira residente nos Estados Unidos teve seu pedido para permanecer no país negado pela Justiça americana, mesmo alegando ser vítima de intolerância religiosa no Brasil. Rodrigo Gomes da Costa, sua esposa Carolina Roberta Lemes Machado da Costa e o filho do casal, naturais de um pequeno município de Goiás, recorreram à Corte de Apelações do Nono Circuito, em São Francisco, tentando evitar a deportação com o argumento de que são alvos de perseguição por praticarem o candomblé, uma religião de matriz africana.
Apesar de reconhecer que praticantes de religiões afro-brasileiras enfrentam discriminação e até violência no Brasil, o juiz de imigração decidiu manter a ordem de deportação. A justificativa foi que a família não conseguiu provar que o Estado brasileiro é conivente ou incapaz de protegê-los. A decisão destacou ainda que o governo Lula sancionou recentemente uma lei que criminaliza a intolerância religiosa com penas de até cinco anos de prisão.
O juiz também sugeriu que a família poderia se mudar para o Nordeste brasileiro, onde o candomblé é mais popular e conta com apoio cultural e institucional. Segundo o magistrado, há evidências de que a religião é celebrada nessa região, o que indicaria a possibilidade de uma vida segura dentro do próprio país.
Mesmo com o aumento alarmante de casos de intolerância religiosa no Brasil — foram 3.853 registros em 2024, um salto de mais de 80% em relação ao ano anterior —, a Justiça americana concluiu que não há risco iminente ou comprovado de perseguição estatal ou de grupos que o governo brasileiro não consiga conter.
O caso, inicialmente divulgado pelo UOL, levanta questões delicadas sobre a proteção internacional de minorias religiosas e os critérios adotados pelas cortes de imigração dos EUA diante de denúncias de intolerância em países democráticos.